Meu Deus eu Creio, Adoro, Espero e Amo-Vos. Peço-Vos perdão para todos aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

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Formação Católica
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04 fevereiro 2018

SÃO TEÓFANO VENARD - MISSIONÁRIO E MÁRTIR

São Teófano Venard, protegei e abençoai os seminaristas e sacerdotes missionários!

SÃO TEÓFANO VENARD - MISSIONÁRIO E MÁRTIR 

"Teófano Venard, foi um missionário francês martirizado no longínquo oriente, Santa Teresinha, após leitura da vida do jovem missionário e mártir, já se encontrando bastante doente e debilitada, decide fazer uma novena para obter dele a graça da partida como missionária para a Indochina."

Alegre pela ordenação presbiteral

“Deus estava no meio de nós, e com cada um de nós”, dizia o recém-ordenado Pe. Teófano em carta que enviou a seu pai e aos irmãos Melânia e Henrique após celebrar sua primeira Missa na festa da Santíssima Trindade, em 6 de junho de 1852. “Amanhã pela manhã irei, com meus colegas, os novos padres, consagrar o sacerdócio a Nossa Senhora das Vitórias e a Ela agradecer por ter-me levado à ordenação”, acrescentou. Mesmo fazendo parte de uma família muito unida, nenhum parente de Teófano pôde comparecer à sua ordenação presbiteral, o que prefigurava, de certa forma, a separação que faz parte da vida de todo missionário. “Pensei em vocês, o que farei sempre que oferecer o Santo Sacrifício”, escreveu alegre ao mesmo tempo em que lhes enviava a bênção.

O martírio de um conterrâneo lhe causa uma santa inveja

João Teófano nasceu em 21 de novembro de 1829 em Saint-Loup-sur-Thouet, na diocese de Poitiers, na França. Era o segundo entre quatro irmãos (Melânia, Teófano, Henrique e Eusébio). Contava ele nove anosquando lhe chegou às mãos um livreto no qual era relatada a vida e morte de São João Carlos Cornay, missionário martirizado pouco antes em Tonkin (região na qual se localiza a cidade de Hanói, e que se estendia por áreas geográficas que na atualidade pertencem à China, ao Laos, e ao Vietnam). O mártir, nascido também na França em uma localidade situada a trinta quilômetros de Saint-Loup (também diocese de Poitiers), tivera seu corpo cortado em pedaços, e sua história fez o pequeno Teófano entusiasmar-se com a leitura: “também quero ir para Tonkin; também quero ser mártir”, almejava.

Decide-se pela vida sacerdotal

Abrindo a alma ao seu pai, cristão exemplar, Teófano manifestou seu desejo de tornar-se padre, e iniciou seus estudos em Doué, cinqüenta quilômetros ao norte de onde sua família residia. Durante os estudos perdeu sua mãe, cuja morte deu-se em 1843. Sua irmã mais velha, Melânia, ocuparia o lugar da falecida mãe para receber os afetos de Teófano, inexistindo segredos entre ambos, porém a influência mais profunda no grupo familiar era exercida pelo pai, o que emana do eloqüente epistolário que sobreviveu ao martírio do santo sacerdote.

Entra nas Missões Estrangeiras

Já próximo ao fim dos estudos necessários à ordenação presbiteral Teófano migrou para as Missões Estrangeiras de Paris, de onde partiam missionários para a Índia e para o Extremo Oriente. Corria o ano de 1851 quando o jovem clérigo pediu ao pai permissão para se tornar missionário: apesar da dor, o temperamento cristão do Sr. Venard o fez conformar-se com a vontade de Deus. Teófano partiu, juntamente com outros missionários, tendo ao fim da Missa de despedida os pés beijados pelo superior e pelas demais pessoas presentes, ocasião solene em que os futuros mártires eram venerados por antecipação (já que o esperado para todos era o martírio, sendo excepcional a morte por causas orgânicas/naturais nas terras de missão).

Atua clandestinamente como sacerdote missionário em Tonkin

Destinado inicialmente à China, Teófano foi depois direcionado ao desejado Tonkin, exercendo por alguns anos o seu ministério clandestinamente sob as ordens de Mons. Retord, vigário apostólico. Porém a perseguição religiosa se intensificava, e os seminaristas locais tiveram de se dispersar, mas apesar das dificuldades Teófano dava apoio ao ensino religioso, ministrava os sacramentos do Batismo, Eucaristia, Reconciliação, Matrimônio e Unção dos Enfermos, além da Confirmação para o que recebera delegação do vigário apostólico, o qual não tinha condições de atender pessoalmente a todo o rebanho que lhe fora confiado. Diversas vezes Teófano teve de se ocultar, chegando a ficar escondido em um minúsculo compartimento sob uma casa, evitando qualquer mínimo ruído para não ser encontrado. Mas uma traição fez findar sua “liberdade”, palavra inapropriada para se referir às condições em que perigosa mas voluntariamente exercia sua ação missionária.

 Informa sua prisão à família

10 janeiro 2018

A DESERÇÃO NOS COMBATES - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS



Madre querida, contei-vos meu último meio para não ser vencida nos combates: a deserção. Esse meio, empreguei-o durante meu noviciado e sempre deu ótimos resultados.

Quero, Madre, citar um exemplo que, creio, vos levará a sorrir. Durante um dos vossos ataques de bronquite, fui uma manhã, de mansinho, entregar-vos as chaves da grade de comunhão, pois eu era sacristã. No fundo, não me desagradava ter essa ocasião de vos ver, estava até muito contente, mas evitava deixar transparecê-lo. Uma irmã, animada por um santo zelo e que, todavia, gostava muito de mim, vendo-me entrar em vossos aposentos, pensou que eu ia vos acordar. Quis tomar de mim as chaves, mas eu era bastante esperta para não entregá-las a ela e ceder-lhe meus direitos. Disse-lhe, com as melhores maneiras, que eu cuidava tanto quanto ela de não vos acordar, mas que cabia a mim entregar as chaves... Agora compreendo que teria sido mais perfeito ceder diante dessa irmã, jovem, é verdade, mas mais antiga que eu. Naquele tempo, não o compreendia.

Querendo de todo jeito entrar atrás dela, que empurrava a porta para me impedir de passar, provocamos o que não queríamos: o barulho vos acordou... Então, Madre, tudo recaiu sobre mim. A pobre irmã a quem resisti iniciou um discurso parecido com este: Foi Irmã Teresa do Menino Jesus quem fez barulho... como ela é desagradável... etc. Eu, por acreditar no contrário, fiquei com vontade de defender-me; felizmente, veio-me uma idéia brilhante. Pensei que se eu começasse a justificar-me não conseguiria, certamente, manter a paz da alma; sentia também que não tinha virtude suficiente para me deixar acusar sem reagir.

Minha última tábua de salvação foi a fuga. Dito e feito. Saí em surdina, deixando a irmã continuar seu discurso, que parecia com as imprecações de Camilo contra Roma. Meu coração batia com tanta força que não pude ir longe e sentei-me num degrau da escada para saborear em paz os frutos da minha vitória. Não havia bravura nisso, não é verdade, querida Madre? Acredito, porém, que mais vale não se expor à luta quando a derrota é certa.

Ai! quando recordo o tempo do meu noviciado, como percebo o quanto eu era imperfeita... Atormentava-me com tão pouca coisa que hoje rio disso. Ah! como o Senhor é bom por ter feito crescer a minha alma, por ter-lhe dado asas... Todas as redes dos caçadores não poderiam me atemorizar pois "em vão se lança a rede diante dos olhos dos que têm asas".

07 janeiro 2018

O QUE VÓS ME HAVEIS DADO - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS



Minha madre, Jesus concedeu à vossa filha a graça de fazê-la penetrar as misteriosas profundezas da caridade; se ela pudesse expressar o que entende, ouviríeis uma melodia do Céu, mas ai! só tenho balbucios a vos oferecer... Se as próprias palavras de Jesus não me servissem de apoio, ficaria tentada a vos pedir clemência e abandonar a pena... Mas preciso prosseguir, por obediência, o que comecei por obediência.

Madre querida, ontem, a respeito dos bens da terra, escrevia que, por não serem meus, não deveria achar difícil nunca reclamar por eles caso me fossem tirados. Os bens do Céu tampouco me pertencem, são emprestados por Deus, que pode tirá-los de mim sem que eu tenha direito de queixa.

Ora, os bens que procedem diretamente de Deus, os impulsos da inteligência e do coração, os pensamentos profundos, tudo isso forma uma riqueza à qual nos apegamos como se fosse um bem próprio no qual ninguém tem o direito de tocar... Por exemplo, se comunicamos a uma irmã alguma ideia que nos veio durante a oração e, pouco depois, essa mesma irmã fala a uma outra como se aquela ideia fosse dela, parece que toma o que não é seu. Ou, no recreio, diz-se baixinho a uma companheira uma palavra espirituosa e bem apropriada; se ela a repete em voz alta sem indicar a origem, isso parece um furto à proprietária, que não reclama, mas fica com muita vontade de fazê-lo e aproveitará a primeira ocasião para fazer saber, delicadamente, que alguém se apossou das suas palavras.

Minha madre, eu não poderia explicar-vos tão bem esses tristes sentimentos da natureza, se os não tivesse sentido em meu coração, e gostaria de acalentar a doce ilusão de que só aconteceram comigo se não me tivésseis ordenado ouvir as tentações das vossas queridas novicinhas.

Sempre aprendi cumprindo a missão que me confiastes, sobretudo vi-me forçada a praticar o que eu ensinava. Por isso, agora, posso dizer que Jesus me deu a graça de não ser mais apegada aos bens do espírito e do coração que aos da terra. Quando me acontece pensar e dizer uma coisa que agrada às minhas irmãs, acho natural que se apropriem dela como sendo um bem que lhes pertence.

Esse pensamento pertence ao Espírito Santo, não a mim, pois são Paulo disse que, sem esse Espírito
de Amor, não podemos chamar de "Pai", a nosso Pai que está nos Céus. Portanto, Ele é livre para servir-se de mim para dar um bom pensamento a uma alma. Se eu julgasse que esse pensamento me
pertence, seria como "o burro que transportava relíquias" e acreditava que as homenagens prestadas aos santos dirigiam-se a ele.

03 outubro 2017

AMADURECIMENTO INTERIOR - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, eu confio em Vós!

Durante o tempo do postulantado, havia sido encarregada do vestuário do convento; também tinha de varrer uma escada e um dormitório, e devia arrancar o mato que crescesse no meio da grama do jardim. Logo após a tomada de hábito passou para o serviço do refeitório, sob as ordens diretas da irmã Inês - Paulina - , a quem continuava a não dirigir uma palavra sequer por iniciativa própria. Pouco treinada nos trabalhos domésticos e menos robusta do que parecia, era frequente que esses serviços lhe custassem, embora o escondesse da sua superiora.

Acrescentava ao seu trabalho normal s tarefas extras que se apresentavam, as mais desagradáveis, as menos procuradas pelas suas companheiras: no inverno, a lavagem das roupas, feita com água fria - o que lhe causava queimaduras e gretas na pele (aliás, sofria muito com o frio, coisa que só se veio a saber depois da sua morte); e no verão, coar a barrela utilizada no branqueamento das roupas, no interior da lavanderia superaquecida; Teresa conta-nos que, certa vez, uma companheira desajeitada a salpicou com essa água suja, e que não fez o menor gesto de contrariedade.

Chegou a ser capaz de reprimir qualquer movimento que pudesse atrair a atenção sobre a sua pessoa: não enxugava o suor, não esfregava as mãos, não arrastava os pés, dominava qualquer tentação de claudicar, afim de que ninguém suspeitasse que sentia calor ou frio, ou que estava com alguma dor. Fixava as suas atitudes e regulava o seu passo de forma a não trair em nada as incomodidades de que o corpo sofria.

Tornou-se capaz de conter as lagrimas, de sorrir, de rir, quando se sentia a beira do choro. Como parecia ser a mais alegre no convento, passava por ser a mais feliz. Um dia, uma irmã, ao prender-lhe o escapulário, fincou um longo alfinete na pele do seu ombro; Teresa mal estremeceu e, para não contristar a companheira, que não se dera conta de nada, foi tratar das suas ocupações ordinárias sem tirar o alfinete.
Deus por toda a parte, Deus em toda a parte. Um esforço constante por agradar-lhe. Esperar dEle apenas uma coisa: que lhe concedesse os meios para tanto. O menor gesto de atenção que o senhor nos permite ter para com Ele traz consigo a sua recompensa. Queixamo-nos de que não nos acompanha? Ele acompanha-nos quando nEle pensamos, está presente nessa cabeça que nEle pensa, nesse coração que o ama, nesse propósito de lhe dar gosto.

12 fevereiro 2017

ORAÇÕES A SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS



Oração a Santa Teresinha do Menino Jesus.

O' Santa Teresinha do Menino Jesus, branca e mimosa flor de Jesus e Maria, que embalsamastes o Carmelo e o mundo inteiro com o vosso suave perfume, atrai-nos e convosco correremos em seguimento de Jesus, nosso Deus e único bem, no caminho da renúncia, do amor e do abandono.

O' Santa Teresinha, fazei-nos simples e doceis, humildes e confiantes para com o nosso Pai do céu. Não permitais que o ofendamos pelo pecado, que o contristemos pela desconfiança. Assisti-nos em todas as aflições, alcançai-nos todas as graças espirituais e temporais, particularmente (....) Valei-nos na vida e na morte.

O' Santa Teresinha, lembrai-Vos que prometestes passar o vosso céu, fazendo o bem á terra sem descanso até ver completo o numero dos eleitos. Ah! cumpri em nós a vossa promessa. Sede nossa protetora na travessia desta vida e não descanseis, até que nos vejais no céu, cantando ao vosso lado eternamente as ternuras do amor misericordioso do Coração de Jesus.
Amem.

A' Santa Teresinha pela conversão dos pecadores.

O' Santa Teresinha, durante vossa vida, tendo imensa compaixão das almas que se perdem e querendo a todo custo arrancar os peccadores ás chammas eternas, vos resolvestes conservar aos pés da cruz de
nosso Redentor para receber o orvalho divino da salvação e derrama-lo em seguida sobre as almas.

28 janeiro 2017

DO DESEJO DA VIDA ETERNA - IMITAÇÃO DE CRISTO

Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face



Do desejo da vida eterna; 
Grandes bens são prometidos aos que combatem.


Cristo: Filho, quando sentires que o céu inspira o desejo da bem-aventurança e anelas sair do cárcere do teu corpo, para que, sem sombra de vicissitudes, possas contemplar a minha glória, dilata teu coração e recebe com todo o afeto esta santa inspiração.

Rende amplíssimas ações de graças à soberana bondade que é tão liberal para contigo, que, com tanta clemência, te visita, com tão grande ardor te inflama e com tamanho poder te sustenta, para que, por teu próprio peso não resvales para as coisas terrenas.

Porquanto não te vem isso por teus pensamentos e esforços, mas tão somente por mercê da tão soberana graça e do beneplácito divino, para que cresças nas virtudes e na humildade e te prepares para as lutas futuras e procures unir-te a mim, com todo o afeto do coração e servir-me com o fervor da vontade.

Filho, muitas vezes arde o fogo, mas a labareda não se eleva sem o fumo.
Do mesmo modo tem, alguns desejos, tão abrasados das coisas do céu e todavia não estão isento de tentações e afetos carnais.

Por isso não fazem unicamente pela glória de Deus o que, alás, com tanto desejo lhe suplicam. Tal costuma ser muitas vezes o desejo que mostraste com tanta ansiedade: poi não é puro e perfeito o que está contaminado de algum interesse próprio.

Pede-me não o que te é agradável e comodo, mas o que me honra e apraz: de preferência os meus mandamentos,  que satisfazer os teus afetos e tudo quanto possas desejar de melhor.
Conheço os teus desejos e tenho escutado os teus contínuos gemidos.

Já quiseras gozar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus: já te deleita o pensamento da eterna mansão da pátria celeste, repleta de gozo: mas não é ainda chegada a hora: outro é o tempo atual, tempo de guerra, de trabalho e provação.

Desejas fruir do sumo Bem: mas não podes alcançar isto agora. Sou eu este Bem, espera-me, diz o Senhor, até que venha o reino de Deus.

Há de ser ainda provado e exercitado em muitas coisas na terra. Consolações terás de quando em quando, mas saciedade plena não te será concedida. Esforça-te, pois, tem coragem para fazer e suportar o que repugna à natureza. Preciso se faz que te revistas do homem novo e te transformes em outro homem.

Convém que faças, muitas vezes, o que não queres e deixe o que queres. O que agrada aos outros irá adiante, tornar-se-á inexequível o que te agradar. Serão ouvido o que os outros disserem e o que tu disseres  será desprezado. Outros pedirão e receberão,tu pedirás e não alcançaras.

Grandes serão os outros na boca dos homens: mas de ti ninguém dirá palavra. A outros será confiado isto ou aquilo, tu,porém,da nada serás julgado capaz.

Por causa disso, a natureza se entristecerá algumas vezes e muito lucrarás se sofreres em silêncio.
Nesta e em muitas coisas semelhantes costuma o fiel servo de Deus ser provado, de modo a poder em tudo renunciar a si mesmo e mortificar-se.

Mal se achará coisa em que precises de te mortificar mais que em ver e sofrer o que é contrário à tua vontade, particularmente quando ter ordenam coisas que te parecem inconvenientes e inúteis. E, porque não ousas resistir à autoridade do superior, sob cujo domínio estás, por isso te parece duro andar à vontade de outrem e renunciar, de todo, ao teu próprio parecer.

Mas considera, filho, os frutos desses trabalhos, o seu prematuro término, e a recompensa infinitamente grande  e não terás de que sentir peso: ao contrário, acharás suavíssimo conforto para os teus sofrimentos.

03 janeiro 2017

4 DE JANEIRO DE 1873 - NASCE UMA SANTA



Dois de janeiro de 1873. Meia noite. Em Alençon, na Rua de São Braz, 36 - nasceu a criancinha esperada ansiosamente no lar abençoado e feliz da família Martin.

Luiz Martin fora dar a boa nova às meninas no quarto grande do segundo andar.
- Minhas filhas! Boa notícia! Mais uma irmãzinha tem vocês agora!

Não era o missionáriozinho tão suspirado. Uma menina encantadora. Desta vez Nosso Senhor parecia ainda não ter ouvido as preces tão ardentes da família.

Cada ano reuniam economias e dava esmolas à Obra da Propagação da Fé. Esmolas para as missões. Esmolas que ajudassem os missionários em países infiéis e alcançassem a Família Martin um filho sacerdote - um filho missionário!

E por que não os ouvira Nosso Senhor? Perguntavam eles, os esposos cristãos, não merecem esta graça?

Admiráveis e insondáveis desígnios da Providência! Mais que um missionário viera ao mundo pouco antes daquela meia-noite, a Padroeira de todos os Missionários, o Maior dos Missionários dos últimos tempos, a Missionária do Amor Misericordioso que pelo sacrifício e a oração haveria de figurar um dia ao lado de São Francisco de Xavier.

Rosa serás!

Pela manhã desse mesmo dia venturoso, uma criança pobre veio bater à porta da casa da família Martin sem mais entregou ali um papel com estes versos:

"Sorri, cresce: à ventura. Te chamam com ternura. 
Amor, carinhos mil... 
Botão, que abriste agora, serás rosa gentil.

Quem era esta criancinha pobre? Por que traz justamente tão belos e tão proféticos versos? Mistério! O botãozinho no berço ainda, seria a rosa destinada a florir e perfumar a terra poucos anos e ser a rosa dos Altares um dia.

30 dezembro 2016

VIVER DE AMOR - SANTA TERESA DO MENINO JESUS




No entardecer do Amor, falando sem figuras,
Assim disse Jesus: “Se alguém me quer amar,
Saiba sempre guardar minha Palavra
Para que o Pai e Eu o venhamos visitar.
Se do seu coração fizer Nossa morada,
Vindo até ele, então, haveremos de amá-lo
E irá, cheio de paz, viver
Em Nosso Amor!”

Viver de Amor, Senhor, é Te guardar em mim,
Verbo incriado, Palavra de meu Deus,
Ah, divino Jesus, sabes que Te amo sim,
O Espírito de Amor me abrasa em chama ardente;
Somente enquanto Te amo o Pai atraio a mim.
Que Ele, em meu coração, eu guarde a vida inteira,
Tendo a Vós, ó Trindade, como prisioneira
Do meu Amor!…

Viver de Amor é viver da Tua vida,
Delícia dos eleitos e glorioso Rei;
Vives por mim numa hóstia escondido,
Escondida também por Ti eu viverei!
Os amantes procuram sempre a solidão:
Coração, noite e dia, em outro coração;
Somente Teu olhar me dá felicidade:
Vivo de Amor!

Viver de amor não é, nesta terra,
A nossa tenda armar nos cumes do Tabor;
É subir o Calvário com Jesus,
Como um tesouro olhar a cruz!
No céu eu viverei de alegrias,
Quando, então, todo sofrimento acabará;
Mas, enquanto exilada, quero, no sofrimento
Viver de Amor!

Viver de Amor é dar, dar sem medida,
Sem reclamar na vida recompensa.
Eu dou sem calcular, por estar convencida
De que quem ama nunca em pagamento pensa!…
Ao Coração Divino, que é só ternura em jorro,
Eu tudo já entreguei! Leve e ligeira eu corro,
Só tendo esta riqueza tão apetecida:
Viver de Amor!

Viver de Amor, banir todo temor
E lembranças das faltas do passado.
Não vejo marca alguma em mim do meu pecado:
Tudo, tudo queimou o Amor num só segundo…
Chama divina, ó doce fornalha,
Quero, no teu calor, fixar minha morada
E, em teu fogo é que canto o refrão mais profundo:
“Vivo de Amor!…”

Viver de Amor, guardar dentro do peito
Tesouro que se leva em vaso mortal.
Meu Bem-Amado, minha fraqueza é extrema,
Estou longe de ser um anjo celestial!…
Mas, se venho a cair cada hora que passa,
Em meu socorro vens,
A todo instante me dás tua graça:
Vivo de Amor!

Viver de Amor é velejar sem descanso,
Semeando nos corações a paz e a alegria.
Timoneiro amado, a caridade me impulsiona,
Pois te vejo nas almas, minhas irmãs.
A caridade é minha única estrela
E, à sua doce luz, navego noite e dia,
Ostentando este lema, impresso em minha vela:
“Viver de Amor!”

27 dezembro 2016

O MEU CANTO DE HOJE - SANTA TERESA DO MENINO JESUS




MON CHANT D'AUJOURD' HUI - SAINTE THÉRÈSE DE LISIEUX

Ma vie n’est qu’un instant, une heure passagère
Ma vie n’est qu’un seul jour qui m’échappe et qui fuit
Tu le sais, ô mon Dieu ! pour t’aimer sur la terre
Je n’ai rien qu’aujourd’hui !…

Oh ! je t’aime, Jésus ! vers toi mon âme aspire
Pour un jour seulement reste mon doux appui.
Viens régner dans mon cœur, donne-moi ton sourire
Rien que pour aujourd’hui !

Que m’importe, Seigneur, si l’avenir est sombre ?
Te prier pour demain, oh non, je ne le puis !…
Conserve mon cœur pur, couvre-moi de ton ombre
Rien que pour aujourd’hui.

Si je songe à demain, je crains mon inconstance
Je sens naître en mon cœur la tristesse et l’ennui.
Mais je veux bien, mon Dieu, l’épreuve, la souffrance
Rien que pour aujourd’hui.

Je dois te voir bientôt sur la rive éternelle
O Pilote Divin ! dont la main me conduit.
Sur les flots orageux guide en paix ma nacelle
Rien que pour aujourd’hui.

Ah ! laisse-moi, Seigneur, me cacher en ta Face.
Là je n’entendrai plus du monde le vain bruit
Donne-moi ton amour, conserve-moi ta grâce
Rien que pour aujourd’hui.

Près de ton Cœur divin, j’oublie tout ce qui passe
Je ne redoute plus les craintes de la nuit
Ah ! donne-moi, Jésus, dans ce Cœur une place
Rien que pour aujourd’hui.

Pain vivant, Pain du Ciel, divine Eucharistie
O Mystère sacré ! que l’Amour a produit…
Viens habiter mon cœur, Jésus, ma blanche Hostie
Rien que pour aujourd’hui.

Daigne m’unir à toi, Vigne Sainte et sacrée
Et mon faible rameau te donnera son fruit
Et je pourrai t’offrir une grappe dorée
Seigneur, dès aujourd’hui.

Cette grappe d’amour, dont les grains sont des âmes
Je n’ai pour la former que ce jour qui s’enfuit
Ah ! donne-moi, Jésus, d’un Apôtre les flammes
Rien que pour aujourd’hui.

O Vierge Immaculée ! C’est toi ma Douce Etoile
Qui me donnes Jésus et qui m’unis à Lui.
O Mère ! laisse-moi reposer sous ton voile
Rien que pour aujourd’hui.

20 novembro 2016

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS - O MARTÍRIO

Santa Teresinha, Vítima de holocausto ao Amor Misericordioso.


"O martírio, eis o sonho da minha juventude. Esse sonho cresceu comigo no claustro do Carmelo...

Mas, ainda aí, sinto que meu sonho é uma loucura, pois não conseguiria satisfazer-me com apenas uma forma de martírio...

Para satisfazer-me, preciso de todas...

Como Tu, esposo adorado, queria ser flagelada e crucificada...

Queria morrer despojada como são Bartolomeu... Como são João, queria ser mergulhada no óleo fervente, queria sofrer todos os suplícios infligidos aos mártires...

A exemplo de santa Inês e santa Cecília, gostaria de oferecer meu pescoço ao gládio e, como Joana d'Arc, minha irmã querida, queria murmurar teu nome na fogueira, ó Jesus...

Ao pensar nos tormentos reservados aos cristãos no tempo do Anticristo, sinto meu coração estremecer e queria que esses sofrimentos me fossem reservados".


01 outubro 2016

SANTA TERESA DO MENINO JESUS - GUSTAVO CORÇÃO



“Eu temia que o bom Deus depressa a levasse para si”.

A irmã mais velha de Teresa Martin assim exprimiu sua admiração e seu temor quando, aos oito anos, a irmãzinha lhe pedia mais oração, como quem tem sede. E tinha razão de admirar e tremer, porque na vida de Teresinha tudo — a infância precoce, a adolescência abreviada, a licença especial de entrar no Carmelo com 15 anos, o noviciado, os sete anos de vida consagrada, o tempo escasso de escrever por obediência sua história pequenina, a morte rápida e devorante — tudo na vida de Teresinha parece acelerado, abreviado, como se Deus efetivamente tivesse pressa de levá-la para si. Ou tudo parece espicaçado e exigido por um Senhor impaciente como há quatro séculos aconteceu com outra grande pequenina de França, a quem o próprio São Miguel veio soprar:

Va fille de Dieu! Va!

A Igreja também teve pressa de a reclamar para si, para nós.

Em outubro de 1897, quando a Europa se aprontava para encerrar pomposamente o século das luzes e das glórias do homem, e se preparava para entrar no ainda mais estridente século XX, Teresa do Menino Jesus e da Santa Face morria no silêncio e na obscuridade. Mas ela mesma anunciara que seu céu seria trabalhoso, e que lá cumpriria o que seu Amor não permitira que fizesse na terra em tão curta vida. “Je veux passer mon ciel à faire du bien sur la terre”.

Para isto, porem, de algum modo ela teria de voltar. E foi isto que anunciou: “Eu descerei” (Nov. verba 12-julho-97); e mais: “Depressa percorrerei todo o mundo” (carta a Sr. Geneviève, set. 97).

O prodígio se efetua com a aparição de História de uma alma que de mão em mão dá a volta ao mundo, transforma vidas, salva almas, converte corações endurecidos, chega ao Extremo Oriente, traduz-se em chinês e japonês, e chega a Roma. E aí, aonde a rotina e a prudência, ora uma ora outra, aconselham a lentidão dos processos, faz-se sentir novamente o ímpeto de Teresinha e a pressa de Deus. Pio X maravilha-se com o que lê e manda apressar o processo de beatificação que ele mesmo assina dois meses antes de morrer. Benedito XV, não menos impressionado que Pio X, promulga solenemente o decreto com que a Igreja reconhece a herocidade das virtudes da Serva de Deus, faz o panegírico da “via de infância espiritual”, e isenta dos cinqüenta anos de espera impostos pelo Direito Canônico o processo de canonização; mas foi Pio XI que teve a gloriosa solicitude de assinar o decreto de canonização da “maior santa dos tempos modernos”, “estrela de seu pontificado”, e que teve a confiante pressa de colocar sob sua proteção o México e a Rússia que padeciam sob o comunismo desumano e ateu. Indo mais longe, Pio XI declara a nova santa padroeira de todas as missões.

Como se não bastassem, em resposta à impaciência de Jesus que logo a levou, a impaciência do povo de Deus e a pressa de três papas, registremos agora um fato que só pode ser atribuído a uma especial solicitude dos anjos; e é o mesmo São Miguel que inspirará a Pio XII a idéia de associar Santa Teresinha a Santa Joana d’Arc na proteção da França, em 1944, “nas horas mais sombrias de toda sua história” como diz muito bem o Pe. Philipon.

Seja-nos dado agora o direito de imaginar todo esse entrecruzamento de linhas visíveis e invisíveis, entre o céu e a terra, e seja-nos permitido ver duas meninas vestidas de luz se entreolharem e se sorrirem quando ouvem a voz sonora do arcanjo ressoar por cima dos séculos: “Va fille de Dieu! Va! sem saberem a qual das duas se dirige o grito de guerra, ou bem sabendo, ambas, que estão irmanadas no mesmo trabalho do céu, no mesmo trabalho na terra.

“Tenho sede!” diz Teresa. “Tenho sede!” diz Jesus.

Com treze anos Teresa tinha a vocação religiosa decidida, firmada, mas creio que André Combes (Introduction à la Spiritualité de Sainte-Thérèse de l’Enfant-Jésus) tem razão de dizer que “nessa vocação que ainda não chegara à seu máximo de generosidade se enxertará, de modo manifestamente sobrenatural, um apelo ao apostolado” uma espécie de refluxo do amor de Deus sobre os homens, para amor de Deus ainda maior, que o ano de 1887 será um marco na história espiritual de Teresinha, e por conseguinte na história da Igreja.

SANTA TERESA DO MENINO JESUS - VÍTIMA DE HOLOCAUSTO



Vitima de Holocausto.

Aos vinte e dois anos, atingiu a perfeição dos maiores santos, mas quase ninguém suspeita disso, porque "não a vêem praticar a virtude" ou, melhor, porque dá a impressão de se deixar levar, de não ter mérito algum, de se deixar arrastar pela sua própria natureza. Ninguém sabe das lutas que teve de sustentar e que ainda sustenta a cada momento do dia: a uniformidade do seu humor as dissimula. Ao vê-la sorridente, as outras acham que está "inundada de consolações", e algumas certamente pensam: "Ah, se me tratassem assim!"... As poucas que a conhecem a fundo têm medo da sua excessiva entrega: recusam-se a admirá-la, pois se o fizessem teriam de imitá-la. O melhor, então, será considerá-la, com certa displicência, como uma freirinha meticulosa e simpática que se dá bem com as suas noviças, conta histórias encantadoras, pinta belas imagens e escreve versos agradáveis. A sua santidade não está em pauta. Teresa obteve, assim, o resultado que esperava: as suas irmãs de religião a ignoram.

E Deus a ignora também, embora seja seu único confidente; ou, pelo menos, finge ignorá-la. E é justamente isso que dá a Teresa tanta audácia para assaltá-lo: Quanto mais Ele se esconde, mais ela o quer; quanto mais Ele a menospreza, mais ela se oferece.

Não devemos, por outro lado, exagerar a solidão em que o Senhor a deixa. Prova disso é uma confidência, feita à Madre Inês, que parece relacionar-se com o tempo em que ainda era noviça. - "Sim, muitas vezes, no jardim - afirma Teresa -, no tempo de silêncio da noite, durante o verão, sentia em mim um recolhimento tão grande, tinha o coração tão unido a Deus, formava com tanto ardor, e contudo sem nenhum esforço, tamanhas aspirações de amor, que me parece que essas graças eram o que a nossa Madre Santa Teresa chama de "vôos do espírito"... Havia como que um véu entre mim e as coisas da terra. Estava completamente escondida sob o véu da Santíssima Virgem. Já não estava na terra, e fazia tudo o que tinha de fazer [...] como se me tivessem emprestado um corpo". Eram, certamente, graças excepcionais, de que Teresa se nutria por muitos dias, numa profunda quietude, antes de "despertar".

A nove de junho de 1895, festa da Santíssima Trindade, Teresa complementa durante a Missa, num grande impeto, a oferenda que costumava fazer todos os dias a Deus; é o seu Ato de oferenda como vítima de holocausto ao Amor Misericordioso de Deus.

A justiça de Deus precisa de vítimas, mas quem ousa confiar-se ao seu amor? "Por toda a parte Ele é desconhecido e rejeitado". Os corações voltam-se para as criaturas, "pedindo-lhes a felicidade em troca da miserável afeição de uns momentos". "Ó meu Deus, o vosso amor desprezado terá de permanecer encerrado no vosso coração?" Não ficaria Deus feliz se tivesse de reprimir "as chamas da sua ternura infinita", se pudesse consumir as almas pelo amor? Se a sua justiça gosta de manifestar-se, uma justiça que somente diz respeito à terra, quanto mais não o fará o seu amor de misericórdia, "uma vez que se eleva até aos Céus"? Teresa diz-lhe, portanto, no seu coração: "Jesus, que seja eu essa vítima feliz!"

Mas uma religiosa não tem nenhum direito, nem mesmo o de oferecer-se a Deus por vontade própria, sem a permissão da Madre Priora. Terá a Madre Inês julgado sem importância, e como que supérfluo - uma infantilidade mística -, este ato de doação? Seja como for, aquiesceu sorrindo. E então,para comprometer-se mais fortemente, a vítima do holocausto passou a escrito o seu juramento. Conseguiu que um sacerdote versado em teologia lhe revisse os termos, tal como se submete um testamento a um tabelião a fim de não introduzir nele alguma cláusula que seja nula, e depois guardou-o no exemplar dos Santos Evangelhos que noite e dia trazia consigo.

A glória de Deus e da Igreja, a salvação e a libertação das almas, o cumprimento da vontade de Deus, esses são os seus desejos. E também o de "ser santa". Mas sente a sua impotência, e pede a Deus "que seja Ele próprio a sua santidade". Oferece-lhe os méritos de Jesus, dos santos e da Santíssima Virgem. Suplica-lhe que elimine nela " a liberdade de lhe desagradar". Espera alcançar o Céu, mas não quer simplesmente amontoar méritos para obtê-lo. Só o amor de Deus, só o agrado de Deus, só a consolação de Deus, essa é a sua única exigência; e Teresa será, então, a mártir do amor divino.

27 setembro 2016

A VIDA NO CARMELO - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

As heroicas almas do Carmelo de Lisieux no tempo de Santa Teresinha.
Observância

Antes de entrarmos nesta parte da história desta vida heroica e admirável de Santa teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, é mister, saiba o leitor o que é a vida num Carmelo. Há tanta ilusão e tanto preconceito sobre a vida religiosa! Uns a romantizam, e a julgam um refúgio de desiludidas, outros nem suspeitam sequer o grau de virtude, a abnegação e o espírito de sacrifícios exigidos de uma carmelita para se santificar na obediência à regra austera de santa Teresa d'Avila. Só esta observância fiel basta para elevar uma alma à perfeição e transformá-la num anjo de oração e penitência.

Os que olham a Santa de Lisieux apenas como a "Santinha das Rosas", cuja vida foi toda suave e bela num hábito de Carmelita, e que morreu com um sorriso nos lábios, não podem adivinhar quantos espinhos se ocultam entre as rosas de Santa Teresinha! E dentre estes espinhos, não foram menos dolorosos os da observância da Regra do Carmelo. Nunca se compreenderá bem Santa Teresa do Menino Jesus sem se conhecer a vida de um Carmelo e o ideal de uma Carmelita. A menina de 15 anos postulante, e, noviça ao dezesseis anos, nunca se afastou do seu sublime ideal: - "amar a Jesus como jamis fora Ele amado na terra", e realizar o seu desejo ardente de zelo apostólico: - "Salvar almas, almas de pecadores e santificar os sacerdotes pelo sacrifício, a oração na observância da Regra do Carmelo."

Teresa, vimos mais atrás, não teve ilusão alguma antes de transpor os umbrais do Convento. Ela compreendera toda a austeridade da Regra Carmelitana, todos os sacrifícios e cruzes que a esperavam. Apesar de tão nova e numa idade em que as ilusões são tão naturais numa cabeça e num coração de menina, ela sabia admiravelmente o que devia ser uma Carmelita. Daí a surpresa que causou no Mosteiro a fidelidade, o espírito de observância, a compreensão das virtudes e deveres monásticos, já tão perfeitos e tão elevados em Soror Teresa do Menino Jesus. É um fato impressionante e que só bastaria para a colocar entre as grandes Santas da Igreja: - Jamais as Carmelitas de Lisieux puderam ver em Soror Teresa, uma só transgressão da austera regra do Carmelo, em nove anos passados no Mosteiro.

23 setembro 2016

A VOCAÇÃO - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE

Teresa ao treze anos.


Quero ser carmelita!

Teresa, abrasada em zelo pela salvação das almas e ansiosa por converter pecadores e lutar pelo reinado de Jesus Cristo, não parecia destinada à vocação missionária? Sentia-se, no entanto, cada vez mais atraída para o Carmelo. Compreendeu que muito mais vasto e poderoso é o apostolado da oração e do sacrifício.

A sede de almas que a devorava só na montanha santa do Carmelo poderia encontrar algum alívio. Desde três anos havia dito: "Hei de ser carmelita!" Agora, quando o mundo já lhe parecia tão pequenino e pobre e mesquinho, tão vazio, ambicionava a grande ventura de o deixar muito breve e sem demora voar para a Arca Santa do Carmelo.

Celina, a confidente de Teresa naquela época, depôs no "Processo Diocesano":

"Tinha-me tornado a confidente única de Teresa." A vida religiosa aparecia-lhe principalmente como um meio de salvar almas. Pensou até por isso mesmo fazer-se religiosa das missões estrangeiras; mas a esperança de salvar mais almas pela mortificação e pelo sacrifício de si própria decidiu-a a encerrar-se no Carmelo. 

A serva de Deus confiou-me o porque dessa decisão: Achava mais duro para a natureza trabalhar sem ver o fruto do seu labor, porque de todos os trabalhos o que mais custa é o que se empreende contra si próprio, para conseguir vencer-se. Assim, esta vida de morte, mais lucrativa que todas as outras para a salvação das almas era a que queria abraçar desejando, como ela própria dizia, tornar-se o mais cedo possível prisioneira, para dar as almas as belezas do céu. Enfim, entrando para o Carmelo, o seu fim especial era orar pelos padres, imolar-se pelas necessidades da Igreja.

Chamava este gênero de apostolado, fazer negócio por atacado, visto que, atirando a cabeça, atingia assim todos os seus membros. Declarou também bem alto, no exame canônico que precedeu a sua profissão, a sua intenção pessoal: "Vim, diz ela, para salvar almas e principalmente para rezar pelos padres". Esta resposta é especial. Cada uma responde o que quer nessa circunstância". Deram-lhe os "Anais das Religiosas Missionárias" que julgaram havia de atraí-la. Interrompeu a leitura, dizendo: - "Não quero ler mais. Tenho um desejo tão vivo, tão ardente de ser missionária! iria avivá-lo mais ainda com esta leitura, com este quadro de apostolado! Quero ser Carmelita!"

Havia de sacrificar-se generosamente pelas almas. Orar pela santificação dos sacerdotes e pela conversão dos pecadores! Este ideal sublime a encantava. "Quero esconder-me no claustro, quero dar-me inteiramente a Nosso Senhor, quero salvar almas pelo sacrifício e oração", diz Teresa a irmã.

Estudos e leituras.

Paulina, agora "Soror Inês", bem sabia da vocação de Teresa e a animava sempre mais em cada visita que esta fazia ao Carmelo. Maria, como mais velha, não se conformava com a ideia da menina. Achava-a muito nova para abraçar vida tão austera. Celina, a companheirinha querida de infância, compreendia perfeitamente Teresa. Entendiam-se bem.

Ao terminar cada dia a tarefa dos estudos, ambas no alto sentadas no "Belvedere" ante a paisagem encantadora dos jardins dos Buissonnets, palestravam largamente sobre a vida austera do Carmelo, e assuntos edificantes da vida religiosa. O Sr. Martin ocupava sempre as filhas nos trabalhos domésticos e desejava fossem todas boas donas de casa.

Celina e Teresa, apesar dos estudos e os colóquios de espiritualidade, haviam de achar tempo para a arrumação e cuidados da casa. As meninas começavam o dia pela assistência à Santa Missa na Catedral. Nesta época dificilmente permitiam a comunhão frequente dos fiéis. O Confessor de Teresa, porém maravilhado com a pureza daquela alma deu-lhe licença para comungar vários dias na semana. "Não é para ficar no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do céu, e sim para encontrar outro céu, o céu de nossa alma, onde tanto se delícia."

A Santa Eucaristia a sustentava nos duros combates pelo seu ideal sublime de carmelita e à custa de muitos sacrifícios não perdia uma só comunhão das que permitia o confessor. Cada dia após a Santa Missa e os arranjos domésticos continuava a frequentar as aulas da professora que escolherá o pai ao retirá-la do Colégio da Abadia.

A menina dotada de uma rara inteligência, aproveitava sempre, e a mestra se contentava com a sua admirável capacidade intelectual e a sede de estudos e de novos conhecimentos.

09 setembro 2016

SEDE DAS ALMAS - SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE

Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a terra
Sede das almas

Teresa já não era mais aquela menina fraca e extremamente sensível a chorar por ninharias. Agora forte, generosa, encetava decidida, nova fase da existência no proposito firme de se santificar e crescer no amor de Jesus Cristo.

Os golpes de provações, bem duros, a fortificaram para a luta. Aos quatorze anos, quando toda menina se enche de ilusões, já compreendia ela quão efêmeras são as glórias terrenas e que tudo no mundo é vaidade, exceto amar e servir a Deus. Sentia um desejo ardentíssimo de salvar almas, converter os pecadores, elevar ao amor de Deus muitos corações. "Um domingo", escreve ela, "ao fechar o meu livro de rezas, no fim da missa, acertou ficar um pouco fora das páginas uma fotografia que representava Nosso Senhor na cruz, deixando aparecer apenas uma das mãos divinas transpassadas e a verter sangue. Sentia-me então possuída de um sentimento novo e inefável. A vista daquele sangue precioso que rolava para o chão sem que ninguém procurasse recolhê-lo, partiu-se de dor meu coração, e tomei a resolução de permanecer continuamente em espírito ao pé da cruz, para receber o divino orvalho da salvação e derramá-lo depois sobre as almas. Daquele dia em diante o brado de Jesus moribundo: "Tenho sede!" ecoava incessantemente no meu coração, para nele despertar um ardor vivíssimo até então desconhecido. Queria dar de beber ao meu Amado Salvador; senti-me eu também devorada pela sede das almas, e a preço de qualquer sacrifício ambicionava livrar os pecadores das chamas eternas.

Os pobrezinhos e os criados.

Teresa se volta cheia de carinho e atenções para os pobres e os criados. Exercita o zelo e a bondade do seu coração. No período que vai da saída do Colégio da Abadia à entrada do Carmelo, entregou-se generosamente a inúmeras práticas de caridade e zelo.

Leônia, mais tarde a visitandina, Soror Francisca Teresa, depôs no Processo da Canonização o seguinte: "Nesta época, Teresa, permanecendo constantemente em casa, foi na verdade a alegria da família. Até os criados lhe queriam muito, porque tudo na pessoa dela respirava paz, bondade e condescendência. Esquecia-se sempre de si mesma para agradar a todos. O seu caráter inalterável era tão simples e parecia tão natural, que ter-se-ia dito que nada lhe custava nessas renúncias perpétuas.

Era referindo-se a esta época que mais tarde Teresa devia dizer no Carmelo a uma das irmãs: "Tinha dó dos empregados". Ao verificar a diferença que existe entre criados e patrões dizia consigo mesma: "Como isto prova bem a existência do céu onde cada qual será colocado segundo o mérito interior! Como os pobres e os humildes serão bem compensados das humilhações que tiveram sofrido neste mundo!"

Depois da família, os pobres. Quando, em todas as segundas-feiras, estes se apresentavam à porta do jardim, apreciavam sem dúvida o pedaço de pão alvo que Teresa lhe oferecia, mas muito mais ainda o sorriso da criança e o gesto de proteção para acalmar os latidos de Tom, o fiel cão de vigia, naturalmente temível para os mendigos. Na cidade, onde acompanhava o pai com mais frequência do que outrora, era quase em cada esquina de rua um apelo a bolsa do Senhor Martin a favor dos miseráveis, abrigados debaixo dos alpendres.

Catequista

No desejo de salvar almas, Teresa, acompanhada de uma criada dos Buissonnets, saía a procurar os pobrezinhos dos arredores e entrava nas mansardas humildes.

Acariciava os pequeninos e deixava um sorriso, um gesto de bondade em cada família. Encontrou certa vez uma infeliz mãe enferma e com duas filhas, em miséria extrema. Teresinha tomou a si o cuidado e o sustento dos pequenos, e nos jardins dos Buissonnets instruía pacientemente as meninas. Na História de uma alma descreve:

"Nosso Senhor me proporcionou a consolação de conhecer de perto almas de crianças, e quero contar-lhe em que circunstância; durante a doença de uma pobre mãe de família, muito me interessava pelas suas duas filhinhas, a mais velha das quais não teria ainda seis anos. Que satisfação para mim o ver a candura com que essas pequenininhas prestavam fé a tudo quanto lhes ensinava! É mister reconhecer que o Santo Batismo lança bem fundo nas almas o germe das virtudes teologais, pois que logo desde a infância basta a esperança dos bens futuros para fazer aceitar sacrifícios. Quando queria estreitar os laços da boa harmonia nessas duas amiguinhas, em vez de lhes prometer brinquedos e docinhos, falava-lhes nas recompensa eternas que Jesus dará as crianças boazinhas. A mais velha, cuja razão começava a desenvolver-se, olhava para mim com expressão de vivo júbilo, fazendo-me um sem número de perguntas encantadoras a respeito do Menino Jesus e do seu belo céu. Prometia-me em seguida, num arranco de entusiasmo, que havia sempre de ceder à sua irmãzinha, acrescentando que nunca mais, enquanto vivesse, esqueceria das lições da "Grande Senhorita" como ela me chamava.

Pranzini

Teresa abrasada no Divino Amor tinha sede de alma. Quisera converter e salvar todos os pecadores. O seu "primogênito" para o céu foi um dos maiores e mais terríveis bandidos e assassinos da época - chamava-se Pranzini. O "Padre Carbonel"dá-nos alguns pormenores deste homem perigoso.

Nascera em Alexandria, no Egito, e foi educado muito cristãmente pela sua piedosa mãe. Estudou com brilhantes resultados, tanto assim que falava corretamente nada menos de oito línguas, o que lhe valeu em lugar de intérprete em diversos navios.

Infelizmente, não tardou o dia em que abandonou de vez a vida honesta e, com a honestidade, foi-se todo o bem-estar que obtivera pelo trabalho.

Desembarcou na França, e seguiu rumo de Paris, numa época em que se achava reduzido à maior miséria. A falta de recursos lançava-o de dia para dia em maiores apertos, de sorte que se atreveu a assassinar três pessoas, entre as quais se achava uma menina de onze anos para ver se conseguia livrar-se de tantos apuros.

Esse crime horroroso abalou a França inteira e, por toda a parte andava a polícia a caça do criminoso. Deram com ele em Marselha, no momento em que ia embarcar para Alexandria. Foi preso e conduzido a Paris.

No cárcere passava horas do dia a traduzir livros maus para várias línguas. Teimava em negar o seu crime e, se admitia o capelão, era quando muito e só a título de distração, na esperança de receber dele um pouco de fumo.

É digno de nota que o infeliz venerava ainda Nossa Senhora. No dia da Assunção pediu licença para assistir a Missa, revelando que, até no meio dos seus desvarios, havia continuado a entrar nas Igrejas, com o fim de saudar a Virgem Santíssima, e que outrora se ufanava de conduzir o estandarte de Maria nas procissões que percorriam as ruas de Alexandria. Foi esta a sua única confidência. Na manhã do dia aprazado para a execução, recusava ainda o ministério do sacerdote, amaldiçoava os que o condenavam, jurando que era inocente.

O cinismo do famoso Pranzini era célebre em toda a parte. Conta-se até que pediu que, depois da sua morte, se retalhassem a pele para fazer bolsas. Todos se inclinavam, portanto, a crer que morreria impenitente, quando esta história horrenda chegou aos ouvidos da nossa querida santinha.



Súplica

A história horrível deste mostro chegou aos ouvidos de Teresa. E a menina abrasada em zelo pela conversão dos pecadores, ousou pedir a Jesus a conversão do criminoso.

Teresa ouviu falar de um grande criminoso por nome Pranzini, diz ela, condenado a morte por homicídios horrendos e cuja impenitência fazia recear seriamente da sua eterna condenação. Apostada a impedir esta última e irremediável desgraça, socorreu-se de todos os meios espirituais ao seu alcance, e convencida de que nada podia obter por si mesma, ofereceu pelo seu resgate os Infinitos Merecimentos de Nosso Senhor e os Tesouros da Santa Igreja.

Dizia ela: Devo confessá-lo? Lá no íntimo do meu coração alimentava a certeza de que seria atendida. Contudo, afim de alentar a minha coragem e para continuar a correr afoitamente à conquista das almas, fiz esta oração: "Meu Deus, certíssima estou de que perdoareis ao infeliz Pranzini, e tal é a minha confiança na vossa infinita misericórdia, que se não se confessar e não der nenhum sinal exterior de contrição, apesar disso acreditarei na sua salvação. Mas é este o meu primeiro pecador; por este motivo e para minha consolação pessoal, peço-vos simplesmente um sinal de seu arrependimento.

Minha súplica foi deferida ao pé da letra!"

A impenitência do cruel Pranzini rende-se diante da sede de salvar almas de uma Santa Menina. 

Condenação e conversão de Pranzini.

A prisão e condenação à morte do famoso bandido abalou toda a França. Os jornais enchiam páginas inteiras de comentários e notícias. A execução estava marcada para o dia 31 de agosto de 1887. O Sr. Martin, na austeridade com que educava as filhas, não lhes permitia a leitura dos jornais diários e nem mesmo a do diário Católico "La Croix".

Ao ver o interesse que a sua Teresinha tomara pela conversão de Pranzini, permitiu-lhe que naqueles dias acompanhasse através do noticiário a condenação de seu infeliz protegido espiritual.

Na madrugada de 31 de agosto, cerca de trinta mil pessoas em Paris se acotovelavam em roda do patíbulo onde ia ser executado o célebre bandido. E o povo em brados pedia a morte de Pranzini e esperava ansioso a hora da execução. Realmente os seus crimes horrendos e o seu cinismo eram de causam justa indignação.

Até o último instante o criminoso se conservava obstinado. Recusava o sacerdote. No derradeiro momento, porém, um minuto antes que lhe cortassem a cabeça, comovido repentinamente como por uma inspiração celeste, exclama:

-Padre, um crucifixo, depressa!

Beija com amor arrependido os pés de Jesus Crucificado e murmura baixinho:

-Pequei!

E o sacerdote levanta a mão e em um longo Sinal da Cruz o absolve. Daí a um instante o gume da justiça decepa-lhe a cabeça. No dia seguinte, 1º de Setembro de 1887, "La Croix" publica as linhas seguintes entre o vasto noticiário desta execução ruidosa: "Depois do despertar do condenado, levam-no à sala do arquivo, onde Deibler e os seus ajudantes esperam a momentos que lho entreguem. Aí cortam-lhe os cabelos, chanfram-lhe os cós da camisa, amarram-no. Às cinco horas menos dois minutos, enquanto os pássaros chilream nas árvores da praça, um murmurio confuso se ergue da multidão, ressoa a voz do comando:

- Calar baionetas! Ouve-se um tilintar de ferros, as laminas brilham e no limiar da prisão, cuja porta se abre, o assassino assoma lívido. O capelão põe-se-lhe na frente para ocultar a máquina sinistra; os ajudantes sustentam-no repele o padre e os carrascos. Ei-lo em frente do cadafalso para cima do qual Deibler o atira com um empurrão . Um ajudante, colocado do outro lado, agarra-lhe na cabeça, pondo-a e mantendo-a pelos cabelos debaixo da lâmina. Antes, porém, que este movimento se produzisse, talvez um relâmpago de arrependimento atravessasse a consciência do criminoso. Pediu ao capelão o crucifixo e beijou-o por três vezes.

E quando o cutelo caiu, quando um dos ajudantes agarrou pela orelha a cabeça decepada, dissemos conosco que, se a justiça humana estava satisfeita, talvez este ósculo derradeiro desarmasse a justiça divina que exige sobretudo o arrependimento" ("La Croix" - 1º de Setembro de 1887).

Ao ler esta notícia, Teresa não pode conter as lágrimas. Fugiu da sala para esconde a comoção profunda. Havia obtido o sinal desejado. E este era bem claro. Pranzini estava salvo! Nunca mais o esqueceu. Sempre que lhe davam algum dinheiro mandava celebrar missas pela alma do seu "primogênito", o primeiro pecador salvo por suas orações e sacrifícios e gerado para a vida da graça!

A vista das chagas Divinas do Redentor, Teresa se abrasa numa sede ardentíssima de almas. Desde aquela conversão, dizia ela, recebi uma graça escolhida, a de uma ambição de salvar almas. Parecia-me ouvir a voz de Jesus a repetir-me baixinho o seu pedido a Samaritana: - "Dá-me de beber!" Era uma súplica de amor. Dava às almas o sangue de Jesus oferecia a Jesus estas mesmas almas orvalhadas pelo sangue do Calvário. E quanto mais dava de beber a Jesus, mais crescia também a sede de minha pobre alma. Sede que me era verdadeira e deliciosa recompensa.
(História de uma alma, C.V.).

Excerto do Livro; Santa Teresinha do Menino Jesus, Monsenhor Ascanio Brandão. Capítulo XIII, páginas 140 à 146.

06 setembro 2016

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS - A PROFISSÃO

Santa Teresinha do Menino Jesus com o seu Divino Esposo

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS
A PROFISSÃO

Há tempos que tem o hábito de traduzir o seu despojamento em figuras e símbolos, a maneira do Cânticos dos Cânticos, e dos poemas de São João da Cruz. É imaginativa, e possivelmente também se veja impelida pelo Espírito Santo a fazê-lo. Seja como for, convém notar que os desígnios que atribui a Deus e as respostas que dEle recebe não constituem nenhuma revelação explícita , mas são unicamente produto da sua fé. O seu caso nada tem de comum com os diálogos reais de Santa Catarina de Sena com o seu Senhor. Visto isso, podemos ler a admirável carta que escreve à sua irmã Inês de Jesus:


Setembro de 1890

Minha querida mãe,

A tua pequena solitária deve contar-te em primeiro lugar o itinerário da sua viagem.

Antes de partir, o meu Noivo perguntou-me para que país queria viajar que estrada desejava seguir [...]. Respondi-lhe que só tinha um desejo: o de chegar ao cume da Montanha do Amor.

02 setembro 2016

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE - BIOGRAFIA



Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face (1873-1897)

Maria Francisca Teresa Martin nasceu em Alençon, França, no dia 2 de janeiro de 1873, cercada de grande afeto e educada pelos pais, Zélia e Luís Martin, segundo sólidos valores cristãos. Foi batizada dois dias depois do nascimento, tendo como madrinha a irmã mais velha, Maria (1860-1940), que depois se tornaria irmã Maria do Sagrado Coração. Teresa era a caçula de cinco irmãs, todas as quais se dedicaram à vida religiosa. Além de Maria, havia Paulina (1861-1951) ­ futuramente, madre Inês de Jesus; Leônia (1863-1941) ­ depois irmã Maria Francisca Teresa; e Celina (1869-1959) ­ mais tarde irmã Genoveva da Sagrada Face. 

O casal Martin teve outros quatro filhos, que morreram ainda na infância. Chegou-se a temer que Teresa tivesse o mesmo fim pois, desde o início da vida, a pequena sofria com crises de enterite. Não tendo a Sra. Zélia Martin como alimentar a caçula, confiou-a a uma ama de leite que morava numa aldeia distante cerca de duas horas de Alençon. Ali Teresa permaneceu de março de 1873 a abril de 1874, quando retornou a casa.

Depois desse percalço, Teresa teve uma infância extremamente feliz. Todos os escritos de sua mãe dão conta de que ela era uma criança alegre, esperta, carinhosa e obstinada. E assim permaneceu até os quatro anos, ocasião em que sua mãe morreu de câncer (em 28 de agosto de 1877). Antes desse evento, diz Teresa:
“Tudo me sorria na terra. Deparava com flores a cada passo que desse, e minha boa índole contribuía também para me tornar a vida agradável. Ia, porém, começar um novo período para minha alma. Devia passar pelo cadinho da provação e sofrer desde a minha infância, a fim de que pudesse ser oferecida mais cedo a Jesus. Assim como as flores da primavera começam a germinar debaixo da neve e desabrocham aos primeiros raios de sol, assim também a florinha (…) teve que passar pelo inverno da provação” (Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. História de uma alma: manuscritos autobiográficos. 2ª. ed., São Paulo: Paulus, 2008. p. 45).

A Santa Família Martin 
Maria a mais velha, de pé encostada junto a cadeira de sua mãe observa Teresinha de joelhos que reza no colo da Sra. Zélia. Quem a acompanha na oração também de joelhos junto a sua mãe é a pequena Celina. A linda cena chama a atenção de Paulina (a que viria ser a mãezinha de Teresa ) que abandona por alguns instantes a sua leitura para contemplar suas pequenas irmãs unidas em oração. Leônia, estando mais próxima do Sr. Luiz, parece buscar que seu  pai lhe tire alguma dúvida referente ao que escreve. Ao fundo a milagrosa imagem da "Virgem do Sorriso", que hoje e por todos os séculos dos séculos sorri na mais sublime felicidade para a Santa Família Martin. 

ATO DE OFERECIMENTO DE SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS



Ato de Oferecimento de Santa Teresinha do Menino Jesus como Vítima ao Amor Misericordioso de Deus

Meu Deus, Uno na essência e Trino em pessoas, quero amar-Vos e fazer-Vos amar, quero trabalhar pela glorificação da Santa Igreja, salvando as almas que ainda vivem na terra e libertando as que sofrem no Purgatório. Desejo cumprir inteiramente a Vossa vontade e merecer o grau de glória que me destinastes no Vosso reino: quero, enfim, santificar-me;vendo, porém, a minha grande fraqueza, suplico-Vos, Senhor, que Vos digneis ser Vós mesmo a minha Santidade.

Já que me amastes a ponto de me dar o Vosso Unigênito Filho por Salvador e Esposo, pertencem-me os tesouros infinitos dos seus merecimentos: eu vo-los ofereço de todo o coração, pedindo-Vos humildemente que não olheis para mim, senão através da Face de Jesus e do Seu Coração abrasado em chamas de amor. Ofereço-Vos também os merecimentos de todos os Santos da terra, os seus atos de amor e os de todos os santos Anjos;ofereço-Vos, enfim, ó Beatíssima Trindade, o amor e os merecimentos da Virgem Maria, minha terna Mãe; em suas mãos virginais deponho o meu oferecimento para que Ela vo-Lo apresente.

O seu Divino Filho e meu Esposo muito amado disse-nos que “Tudo quanto pedíssemos ao seu Pai em seu nome, Ele no-lo daria.” Creio firmemente nesta palavra, e confio que os meus rogos hão de ser atendidos ... Sim, meu Deus e meu Senhor, quanto mais quereis dar, tanto mais fazeis desejar. Ah! os desejos do meu coração são imensos; peço-Vos, pois, cheia de confiança, que tomeis conta de minha alma. Ah! não tenho a felicidade de receber a Sagrada Comunhão tantas vezes, quantas desejara; mas não sois Vós, Senhor, o Todo Poderoso? Permanecei em mim, assim como no Tabernáculo, não Vos afasteis mais da Vossa pequenina vítima.

Queria consolar-Vos das ingratidões dos maus, e peço-Vos me tireis a liberdade de desagradar-Vos. Se eu por fraqueza cair, alguma vez, logo o vosso olhar purifique a minha alma consumindo todas as minhas imperfeições, assim como o fogo transforma todas as coisas em si mesmo.

Infinitas graças Vos dou, meu Deus, por todos os favores que me tendes concedido, em particular por me terdes feito passar pelo crisol da tribulação. Ah! que delícia contemplar-Vos no último dia arvorando o cetro da cruz! E já que Vos dignastes dar-me em quinhão essa cruz tão preciosa, espero que no céu também hão de, como no Vosso, refulgir no meu corpo, glorificado, os sagrados estigmas da Vossa paixão.

Após o exílio da terra espero ir gozar-Vos na Pátria Celeste, mas não quero entesourar méritos para o Céu; desejo trabalhar só por Vosso amor, com o único fim de Vos agradar, consolar o Vosso Sagrado Coração e de salvar as almas que Vos louvem e amem eternamente.

10 março 2016

LUÍS MARTIN E ZÉLIA GUÉRIN - PAIS DE UMA SANTA FAMÍLIA

Zélia Guerin e Luís Martin - Modelo de Casal e de Pais Católicos

A bela e inspiradora história do casal Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus.

“Bastava olhá-los para saber como rezam os santos”
Santa Teresinha do Menino Jesus.


Sr. Luís Martin

Nascido em Athis, no departamento do Orne, o pai do Sr. Martin havia participado das guerras napoleônicas e permanecera no exército mesmo depois de Waterloo. Como mudava frequentemente de guarnição, o seu terceiro filho, Luís, nasceu em Bordeaux, em 1824. Ao aposentar-se, o capitão Martin fixou residência em Alençon, não longe de sua terra natal. Tão bom Cristão quanto bom soldado, não brincava em serviço; exato em tudo, não cometia nenhuma infração a regra.

Legou ao seu filho Luís uma piedade quase militar, e este preservaria a compostura de um oficial até os seus últimos dias. Luís era alto, de porte ereto, e jamais virava a cabeça; aos vinte anos de idade, tinha a fama de ser o mais belo rapaz do vilarejo. Mas não se fez soldado. Em casa de uns primos de Rennes, assumiu o espírito bretão e a vocação de relojoeiro, um oficio silencioso que lhe veio a calhar.