Papa Francisco deu um passo em direção aos lefebvristas: As discussões estão em andamento para o reconhecimento da Fraternidade São Pio X. Um processo que “vai levar tempo”. [Jean-Marie Guénois - Le Figaro]
RELIGIÃO – O Papa Francisco, contra todas as probabilidades, estende atualmente a mão aos discípulos de Dom Marcel Lefebvre. Poucos dias antes do 25º aniversário da morte deste bispo, que se opôs a algumas orientações do Concílio Vaticano II, ordenando quatro bispos contra a opinião de Roma em 1988 e que fundou em Ecône (Suíça) em 1970, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), seu atual superior geral, Dom Bernard Fellay, acaba de confirmar no site desta instituição, dici.org, que o diálogo tem de fato sido retomado discretamente com o Vaticano desde julho de 2015.
Mas ao contrário de alguns rumores anunciando um reconhecimento iminente, este responsável disse que o processo de discussão experimenta, certamente, um “grande progresso” em certos pontos, mas é “lento” e “vai levar tempo”, porque continua a haver uma “desconfiança” mútua.
Esta Fraternidade internacional tem hoje com 600 padres, dos quais 250 franceses, e 200 seminaristas, dos quais 60 franceses.Este dossier foi uma prioridade do pontificado de Bento XVI, mas tinha se concluído em fracasso. Este papa havia, é verdade, levantado em janeiro de 2009, as excomunhões que atingiam os quatro bispos ordenados por Dom Lefebvre. Ele tinha restabelecido, em julho de 2007, a título “extraordinário”, a liturgia da Missa segundo o missal em uso antes do Concílio Vaticano II (1962-1965), dois pedidos preliminares solicitados pela Fraternidade São Pio X.
Mas o ciclo de discussões doutrinárias, iniciadas pelo teólogo Bento XVI para chegar a um acordo sobre a doutrina, e em particular sobre o Concílio Vaticano II, foi um fiasco.Portanto, é sob outro ângulo que o Papa Francisco aborda a questão. Ele conhece bem, desde a Argentina, as obras deste movimento religioso. Ele também recentemente enviou várias visitas aos centros da Fraternidade para avaliar melhor seus frutos pastorais. Por isso, é como pastor que ele avança.
Neste espírito, a Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por este processo no Vaticano, portanto, formulou a proposta em julho de 2015 – já expressa sob Bento XVI – de atribuir, no modelo do Opus Dei, um estatuto de “prelazia pessoal” a esta Fraternidade.Mas a divina surpresa, constatada pelos lefebvristas, é que elementos-chave, exigidos na época por Bento XVI para um reconhecimento canônico, desapareceram da nova proposta romana! Um dos bispos da Fraternidade, um argentino, Dom Alfonso de Galarreta, explicou durante a sua visita à França em janeiro último:
“Não há mais a profissão de fé do cardeal Ratzinger”, mas “a profissão de fé do Concílio de Trento”, a qual é reconhecida por Ecône. Dois parágrafos – impossíveis de serem aceitos pela FSSPX – sobre o “ecumenismo” e a “liberdade religiosa”, também foram removidos. Na liturgia, finalmente, é apenas solicitado “reconhecer a validade dos novos sacramentos, da Missa Nova, de acordo com a edição típica, a edição original em latim, o que a Fraternidade sempre reconheceu.”
Dom Alfonso de Galarreta
Dom Alfonso de Galarreta |
Dom Fellay pode portanto concluir: “É muito claro que o Papa Francisco quer deixem-nos viver e sobreviver. Ele mesmo disse que ele nunca iria prejudicar a Fraternidade. Ele se recusou a nos condenar por cisma, dizendo que “eles não são cismáticos, eles são católicos.”
Mas o superior, que não evita notar os “paradoxos” deste papa, também adverte que esta decisão, que ele está submetendo no momento a seus sacerdotes, não pode sofrer qualquer “ambiguidade”, que seria fonte de “caos logo em seguida”. Ele acrescenta como uma “condição sine qua non“, a “liberdade” de ação para que “nós sejamos aceitos como somos.”
Fonte: http://tradinews.blogspot.com.br/2016/04/marie-malzac-la-croix-le-pape-francois.html
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