Contam antigas lendas que a Sagrada Família, ao fugir para o Egito, quis refugiar-se, para passar a noite numa cova que, por desgraça, era uma guarida de ladrões.
O Capitão dos bandidos sentiu-se comovido ao ver a venerável bondade de S. José, a pureza e formosura da SS. Virgem e o olhar todo celeste do Menino Jesus. Acolheu-os, deu-lhes de comer e, na manhã seguinte, ofereceu-lhes pão para a viagem e, a Maria, uma bacia d'água para banhar o Menino. O capitão tinha um filhinho, da idade de Jesus aproximadamente, que se achava coberto de lepra. Nossa Senhora, correspondendo as finezas daquele homem rude e duro, mas que algo de bom tinha no coração, aconselhou-o a lavar o filhinho na água em que banhara a Menino Jesus.
Assim o fez o bandoleiro e, no mesmo instante, seu filhinho ficou curado da lepra. O capitão lembrou muitas vezes ao filho a quem devia a saúde e a vida, dizendo: "Foi o milagre dum Menino de tua idade, que seria, quem sabe, o Messias anunciado pelos profetas".
Crescendo, seguiu aquele menino o exemplo do pai, tornando-se ladrão. Preso e condenado à morte, ao subir ao Calvário, ia pensando em Jesus, seu companheiro de suplício, que era tão santo e paciente, que, sem dúvida, havia de ser o Messias, aquele mesmo Menino que o livrara da lepra. As lendas dizem que o bom ladrão se chamava Dimas e o mau, Gestas. Ambos foram condenados a morrer junto com Jesus e no mesmo suplício.
Atrás de Jesus subiram ao Calvário, levando suas cruzes. Junto com Ele foram levantados nas respectivas cruzes. Viram como os soldados repartiram entre si as vestes do Salvador; mas, como a túnica era de uma só peça, tiraram a sorte a ver quem a levaria. Ouviram as palavras de Cristo: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem".
Jesus era objeto de todos os insultos. A multidão, curiosa e soez, passava por diante d’Ele, e, movendo a cabeça em sinal de desprezo, dizia: "Vamos! tu que destróis o templo de Deus e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és o Filho de Deus, desce da cruz..."
Todos blasfemavam e insultavam a Jesus. Mas a graça operou um milagre: Um dos ladrões, Dimas, considerando as virtudes sobre-humanas de Jesus, creu ser ele o Messias prometido e amou de todo o coração a Bondade infinita. Dirigindo-se a Gestas, o outro crucificado, repreendeu-o, dizendo: “Como não temes a Deus, estando como estás no mesmo suplicio? E' justo, na verdade, que soframos por nossos crimes, mas Jesus, que mal fez Ele?”
E cheio de esperança e com grande arrependimento disse a Jesus: "Senhor, quando chegares ao Teu reino, lembra-Te de mim". Jesus, olhando Dimas com infinita misericórdia, respondeu: "Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no paraíso".
Naquela mesma noite, a alma de Jesus visitou o limbo dos justos e concedeu ao bom Ladrão a vista de Deus, a felicidade eterna.
DO LIVRO TESOURO DE EXEMPLOS
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