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Formação Católica

08 setembro 2015

RETORNO DO CINQUENTISMO - COMENTÁRIO ELEISON - 287


RETORNO DO CINQUENTISMO
CCLXXXVII (287) – 12 de janeiro de 2013

Questão escaldante: como poderiam os líderes da Fraternidade São Pio X, que foi fundada pelo Arcebispo Lefebvre para resistir à neo-Igreja, estar agora buscando seus favores, a fim de se reunir a ela? Uma resposta é que eles nunca compreenderam totalmente o Arcebispo. Após o desastre do Concílio Vaticano II na década de 1960, eles viram nele a melhor continuação da Igreja pré-desastre da década de 1950. Na realidade, ele era muito mais do que isso, mas, quando ele morreu, tudo o que eles queriam era voltar ao catolicismo acolhedor da década de 1950. E não eram os únicos a preferir Cristo sem a cruz. É essa uma fórmula muito popular.

O catolicismo da década de 1950 não era como um homem em pé na beira de um penhasco alto e perigoso? Por um lado ele ainda estava de pé a uma grande altura, caso contrário o Concílio Vaticano II não teria sido uma queda tão grande. Por outro lado ele estava perigosamente perto da borda do penhasco, caso contrário, mais uma vez, não poderia ter caído tão abruptamente na década de 1960. De nenhuma maneira era tudo ruim na Igreja da década de 1950, mas era algo muito próximo ao desastre. Por quê?

Porque os católicos em geral estavam, na década de 1950, exteriormente mantendo as aparências da verdadeira religião, mas interiormente muitos estavam flertando com os erros ateus do mundo moderno: o liberalismo (o que mais importa na vida é a liberdade), o subjetivismo (a mente do homem e a vontade são livres de qualquer verdade objetiva ou lei), o indiferentismo (de modo que não importa que religião um homem tem), e assim por diante. Assim, tendo os católicos a fé e não querendo perdê-la, gradualmente se adaptaram a esses erros. Eles iriam assistir à Missa aos domingos, ainda poderiam ir à confissão, mas alimentariam sua mente na mídia vil, e o seu coração seria arranhado em relação a certas leis da Igreja, sobre o matrimônio para os leigos, sobre o celibato para o clero. Assim, eles poderiam manter a fé, mas queriam cada vez menos nadar contra a corrente poderosa do mundo glamoroso e irreligioso ao redor deles. Eles foram chegando cada vez mais perto da borda do penhasco.

 Agora, o Arcebispo teve suas falhas, que se pode pensar se refletem nas dificuldades atuais da Fraternidade. Não vamos idolatrá-lo. No entanto, ele era na década de 1950 um bispo que tinha muito não só das aparências do catolicismo, mas, bem dentro dele, a sua substância, como o provam os ricos frutos de seu ministério apostólico na África. Assim, enquanto o Concílio Vaticano II conseguiu incapacitar ou paralisar quase todos os seus colegas bispos, ele conseguiu recriar, quase sozinho, um seminário e Congregação pré-Vaticano II. A aparição de seu oásis católico no meio do deserto conciliar deslumbrou muitos bons jovens homens. Vocações também foram atraídas pelo carisma pessoal do arcebispo. Mas a partir de 10 a 20 anos após sua morte, em 1991, a substância do seu patrimônio passou a parecer cada vez mais pesada para empurrar contra a corrente cada vez mais forte do mundo moderno.

Então, negando-se a carregar a cruz de serem desprezados pela Igreja mainstream e pelo mundo, os líderes da FSSPX começaram a sonhar com ser mais uma vez reconhecidos oficialmente. E o sonho prevaleceu, porque, afinal de contas, os sonhos são muito mais agradáveis do que a realidade. Devemos orar por esses líderes da FSSPX. A década de 1950 foi-se, foi-se para sempre, e é pura ilusão desejar o seu regresso.

Kyrie eleison.

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