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08 setembro 2015
FILMES DE CRISE - COMENTÁRIOS ELEISON - 219
FILMES DE CRISE
ELEISON COMMENTS CCXIX (24 de setembro de 2011)
Dois filmes interessantes já apareceram sobre a chegada aos EUA da crise financeira e econômica que, desde 2008, vem ameaçando minar o modo de vida do ocidente. Ambos os filmes são bem feitos. Ambos são persuasivos. No entanto, num se diz que banqueiros são heróis, noutro que são vilões. Para a sociedade ocidental ter futuro, deve-se pensar nessa contradição.
O documentário Inside Job consiste numa série de entrevistas com banqueiros, políticos, economistas, empresários, jornalistas, acadêmicos, consultores financeiros etc. Mostra-se um quadro assustador de ganância e conluio em fraudes, no topo da sociedade americana, em todas essas áreas. Livre iniciativa foi a justificativa da desregulamentação dos anos 1980 e 1990, que deu aos magnatas tanto mais poder, a ponto de torná-los capazes de pôr sob o seu controle todos os políticos, jornalistas e acadêmicos de influência. Nisso, um processo de cruel pilhagem das classes média e trabalhadora ainda estáem curso. A ira das vítimas encaminha-se para uma explosão, mas, ao menos pelo momento, os magnatas não param de comer no seu precioso pote. “A ganância é boa. Faz o mundo girar”, dizem os banqueiros.
No segundo filme, Too Big to Fail, são representados os acontecimentos dramáticos do outono de 2008, o colapso do Lehman Brothers, grande banco de investimento de Nova Iorque. Mostra-se Hank Paulson, o então secretário do Tesouro dos EUA, tomando uma clássica decisão liberal: recusar uma garantia do governo, proposta para evitar a falência do Lehman Brothers. O resultado disso foi um grande choque na comunidade financeira global, com ameaça de colapso das finanças e comércio mundiais; e Paulson, com seus colegas do governo e com a ajuda de todos os principais banqueiros de Nova Iorque, tiveram de convencer o congresso americano a aprovar uma garantia, tirada dos contribuintes em favor dos grandes bancos, os quais em nenhuma hipótese podem falir. Ele venceu. O sistema foi salvo. O governo e os banqueiros foram os heróis do dia. Mais uma vez se provou que o capitalismo é a maravilha que sempre se soube – e graças a uma intervenção socialista!
Então, são os banqueiros heróis ou vilões? Resposta: heróis, no máximo a curto prazo, mas certamente vilões a longo prazo, porque não é preciso muito bom senso para perceber que toda a sociedade exige abnegação; nenhuma sociedade se constrói sobre a ganância, i. e., sobre o egoísmo. Em toda a sociedade, sempre haverá os que têm e os que não têm (cf. Jo. XII, 8). Os chefes da sociedade, que têm o dinheiro e o poder, devem cuidar muito das massas que não têm, para que não haja revolução e caos. É claro que os globalistas planejam o caos de hoje, para terem o poder mundial amanhã; mas, enquanto eles propõem, Deus dispõe.
Entrementes, os católicos e todos os que se preocupam com o futuro devem ver esses filmes e, em seguida, propor-se algumas perguntas difíceis sobre o capitalismo e a livre iniciativa. Como foi que, então, o capitalismo só se pôde salvar pelo socialismo? Será o Estado, então, tão ruim assim? Será o capitalismo tão bom? Como pode uma sociedade depender de homens gananciosos para sobreviver? Como adquiriu tal dependência? Há sinal de que alguém agora se faça essas perguntas? Ou é a adoração de todos a Mamona – chamemos as coisas pelo seu nome – que ocorre despercebida?
Após a Incarnação, nenhum sistema pode funcionar, a menos que Jesus Cristo, através de seus sacerdotes, absolva os homens de seus pecados. O capitalismo, nos séculos anteriores, só viveu por ter parasitado o catolicismo. E a atual exaustão do catolicismo indica a morte do capitalismo.
Kyrie Eleison.
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