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Formação Católica

07 setembro 2015

ESCAPATÓRIA IMPOSSÍVEL - COMENTÁRIO ELEISON - 175



ESCAPATÓRIA IMPOSSÍVEL
ELEISON COMMENTS CLXXV (20 de novembro de 2010)


Atualmente, se encontra em exposição no museu Tate Modern, em Londres, obras de um grande mestre da arte moderna – ou será que esses termos se contradizem? – o francês Paul Gauguin (1848-1903). Os homens precisam de imagens tanto quanto da visão, que lhes oferece uma grande compreensão da vida. Hoje, a eletrônica supre grande parte da necessidade de imagens, mas na época de Gauguin os pintores ainda tinham uma enorme influência.

Nascido em Paris, em 1848, Gauguin, depois de várias viagens e profissões, tornou-se um corretor de bolsa aos 23 anos, e dois anos depois se casou com uma dinamarquesa que lhe deu cinco filhos em dez anos. Nessa época, a pintura era para ele apenas um passatempo para o qual ele tinha talento, mas após uma tentativa fracassada, em 1884, de entrar nos negócios, em Copenhague, capital dinamarquesa, abandonou sua jovem família no ano seguinte, e voltou a Paris para se tornar artista em tempo integral.

Em 1888, passou nove semanas pintando junto com Van Gogh em Arles, semanas que acabaram desastrosamente. Quando voltou a Paris, ele não ganhava nem dinheiro nem reconhecimento suficiente e então, em 1891, partiu para os trópicos, “para escapar de tudo o que havia de artificial e de convencional”. Ele passou o resto de sua vida, exceto por um prolongado retorno a Paris, no Taiti e nas ilhas Marquesas, então colônias da Polinésia Francesa, no Pacífico Sul. Lá, produziu a maioria das pinturas sobre as quais repousa sua fama, mas ele ainda lutava contra a Igreja e o Estado, e somente sua morte em 1903 previniu-o de ter de cumprir uma pena de prisão de três meses.

Tal como Van Gogh, Gauguin começou a pintar no estilo melancólico e convencional próprio da arte do fim do século 19. No entanto, como Van Gogh e, quase ao mesmo tempo, as cores se tornaram muito mais brilhantes e o estilo um pouco menos convencional. De fato, Gauguin foi o fundador do movimento primitivista na arte, e logo após a sua morte teve uma influência considerável sobre o brilhante, mas também rebelde Picasso. O Primitivismo buscava um retorno às fontes primitivas da arte, porque a Europa parecia estar exaurida. Daí o motivo de se voltar para os modelos africanos e asiáticos, sendo um exemplo notável o “Les Demoiselles d’Avignon” de Picasso. Daí o motivo da fuga de Gauguin para a Polinésia em 1891, onde ele lamentou a invasão de missionários católicos, e onde estudou e construiu em sua arte deuses pagãos da mitologia local pré-católica, incluindo várias figuras quase diabólicas.

Mas será que a visão das pinturas taitianas de Gauguin, que são certamente as suas melhores, representa uma solução viável para os problemas do Ocidente decadente que ele rejeitou e deixou para trás? Não podemos pensar assim. Aquelas pinturas, agora em exposição no Tate Modern, são originais e coloridas, mas o povo taitiano que ele pinta, na maioria mulheres jovens, permanece de alguma forma torpe e sem graça. O Taiti de Gauguin pode ser uma fuga, mas não é uma esperança. Gauguin pode ter tido razão sobre a decadência ocidental, mas o paraíso terrestre que ele fabricou em sua arte polinésia deixou-o inquieto, e ele morreu ainda rebelde. Resta aí algum problema que ele ainda não resolveu.

Interessante é a versão ficcional de sua vida feita pelo famoso escritor inglês do século 20, Somerset Maugham. Leiam o “Comentário Eleison” da próxima semana.

Kyrie eleison.

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