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19 julho 2015
POR QUE OS CATÓLICOS NÃO COMEM CARNE ÀS SEXTAS-FEIRAS?
A prática da abstinência às sextas-feiras data do início da Igreja. O princípio da prática penitencial da abstinência, a fim de alcançar o autodomínio, já estava delineado pelo próprio São Paulo, "Todos que lutam pelo domínio devem abster-se de todas as coisas" (I Coríntios 9,25.) E "Vamos nos apresentar como ministros de Cristo nos trabalhos, vigílias e jejuns" (II Coríntios. 6,5).
Uma menção explícita da prática de abstenção nas sextas-feiras é feita em um documento a partir do final do primeiro século (A Didaquê dos Apóstolos), bem como por São Clemente de Alexandria e Tertuliano, no século III. Era costume universal desde o início, e a sexta-feira foi escolhida em memória da Paixão de Nosso Senhor, como um dia em que nós devemos fazer um esforço especial para a prática de penitência. É em reconhecimento do fato de que Cristo sofreu e morreu, e deu a Sua carne humana e a Sua vida por nossos pecados numa sexta-feira que os católicos não comem carne às sextas-feiras.
O Papa Nicolau I fez desta uma lei da Igreja, no século IX. Na Igreja Latina, desde o início da Idade Média este dia de abstinência não foi considerado suficiente, e a abstinência do sábado foi adicionada, em honra do sepultamento de Cristo e do luto de Nossa Senhora e das santas mulheres no Sábado Santo. Esta foi transformada em lei da Igreja por São Gregório VII, no século XI, mas desde então tem caído fora do costume, exceto por aqueles que desejam professar a sua devoção a Nossa Senhora de uma forma especial. O rito oriental da Igreja também teve regras rígidas para a abstinência, já que era obrigatório para eles nas quartas e sextas-feiras.
As regras para o que pode e o que não pode ser permitido em dias de abstinência também variaram com o tempo. São Tomás de Aquino, por exemplo, indica que os ovos, leite, queijo, manteiga e banha são proibidos em dias de abstinência, porque eles vêm de animais e têm uma identidade de origem com carne animal. As regras atuais limitam a abstinência à carne somente.
A abstinência de carne é uma lei eclesiástica, mas que há muito obriga sob pena de pecado mortal. O Papa Inocêncio III deixou isso bem claro no início do século XIII, e no século XVII, o Papa Alexandre VII anatematizou aqueles que minimizaram o caráter desta obrigação e declararam que as transgressões contra ela eram apenas pecados veniais.
É certamente verdade que, como uma lei eclesiástica, ela pode ser alterada pela autoridade soberana da Igreja. No entanto, a forma como este preceito importante foi banalizado pela Igreja pós-conciliar é uma grande desgraça e vergonha para os católicos. Não é claramente ensinado que é obrigatório sob pena de pecado mortal, e a menção da possibilidade de substituição de qualquer outro tipo de sacrifício pelo Código de Direito Canônico 7983 tem efetivamente destruído esta prática muito antiga.
A razão fundamental pela qual os modernistas detestam a abstinência da sexta-feira é que eles recusam a necessidade de pelo menos algumas pequenas obras de penitência para satisfazer a pena temporal devida aos nossos pecados, e eles fazem tudo o que podem para esvaziar o mistério da Paixão, que é o da Cruz, e substituí-lo por um Cristo ressuscitado, sem sofrimento e sacrifício. No entanto, foi pelo sofrimento, e oferecendo a Sua própria carne e sangue que Nosso Divino Salvador se dignou a nos redimir, e, consequentemente, é o nosso dever associar-nos com Ele, na abstinência da sexta-feira.
Os Católicos tradicionais sabem muito bem que eles têm uma obrigação grave de manter esta antiga tradição penitencial. Eles podem e devem confessá-lo como um pecado mortal, se quebrarem a abstinência da sexta-feira sem qualquer razão que os desculpe. Não é um pecado mortal em virtude de lei eclesiástica positiva da Igreja, ou pelo menos não tão claramente. No entanto, é um pecado de desrespeito e desprezo pela paixão e morte de Nosso Senhor, pelas tradições da Igreja, e pela necessidade de fazer penitência, e um sinal de grave indiferença pela obra de nossa Redenção.
Consequentemente, o sacerdote não hesitará em dar a absolvição a alguém que confessa esse pecado, estando verdadeiramente contrito por isso.
Por Pe. Peter R. Scott
Traduzido por Andrea Patrícia (Blog Borboletas ao Luar).
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