Meu Deus eu Creio, Adoro, Espero e Amo-Vos. Peço-Vos perdão para todos aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam.

Translate

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
Formação Católica

21 maio 2015

QUESTÕES EMBARAÇOSAS SOBRE OS RÉPROBOS - OBJEÇÕES A FÉ - PARTE II

Questões embaraçosas sobre os réprobos
Objeções à Fé - Parte II



2- Os réprobos podem nos infernizar como os demônios?

Tanto Pe. Gabriele Amorth como o Pe. J.A. Fortea respondem pela afirmativa: sim, têm o poder de infestar.

O lugar de pena dos demônios até o dia do juízo é o ar (S. Th., I, q.64, a.4) , e sofrem em sua vontade (não nos sentidos, porque não podem sofrer dor sensível), por saberem que a prisão do inferno lhes é destinada (S. Th., I, q.64, a.4, ad.3). Por isso podem infernizar (exercer ação infernal), porque lhes cabe povoar o ar tenebroso, isto é, a atmosfera.

Santo Tomás dá a entender que, mesmo após o juízo, a dor dos demônios será uma dor da vontade, embora não menor do que a dor das almas condenadas.

"Como se vê, quando falamos do Além, sempre gaguejamos. Sabemos tão pouca coisa que o próprio Santo Tomás nos convida a levar em consideração a revelação privada dos santos. Tinha de formular essa premissa, embora com todas as questões que levanta, para valorizar ao máximo os dados da Revelação e as regras de comportamento que a Revelação nos sugere, sem nos espantar demasiado com o que não conhecemos."

(Padre Gabriele Amorth, Exorcistas e Psiquiatras, 2ª edição, Editora Palavra e prece).

O anjo pode mover-se de um local para outro, embora não esteja, como o corpo, contido em um lugar, num espaço delimitado; é melhor dizer que o anjo que é que o contém, como a alma contém o corpo, e não o contrário (S. Th., I, q.52, a.1).

Uma alma do céu pode aparecer, sim, e Deus pode permitir que uma alma do inferno apareça. Contudo, para tomar a forma de um corpo, seria preciso que o ser tenha poder sobre a matéria (S. Th., I, q.51, a.2), e, nesse caso, só os anjos possuem.

A alma de Samuel apareceu a Saul, e outros santos também apareceram a pessoas vivas

O autor de Eclesiástico diz que foi Samuel quem apareceu naquela sessão de Saul com a necromante (Eclo 46,23).

No entanto, essa espécie de aparições, como a de Samuel, ou como de todas as pessoas que tiveram visões do inferno e das almas que lá estavam, não deveriam ser classificadas propriamente como uma visão, ao pé da letra.

Noutros termos, alguém pode ter uma visão de São Francisco de Assis, porque Deus sabe que tal visão teria um significado para mim... Ele poderia até me dizer algo, mas na verdade não seria a alma dele que teria saído do céu para vir até o nosso mundo conversar com essa pessoa. O sentido é outro: é que Deus concedeu, àquela pessoa, a graça de uma visão espiritual.

Já os anjos, estes sim, podem realmente vir até ao nosso mundo, como foi com Nossa Senhora e com Tobias, por exemplo.

Nossa Senhora não é anjo, e não há nenhum impedimento para que as próprias almas apareçam aos vivos. Mas há um impedimento para que uma alma possua um corpo, já que uma alma separada não é um anjo, e são os anjos que têm poder sobre a matéria, inclusive para tomar a forma de corpos.

Consta, num dos livros da série “Explicação histórica, dogmática, moral, litúrgica e canônica do catecismo”, do Abade Ambrosio Guillois — obra honrada com um Breve do Papa Pio IX —, que os mortos podem voltar do outro mundo e aparecer aos homens. Não há nada nisto, de acordo com o Abade Guillois, que exceda a onipotência de Deus ou repugne à sã razão (Tomo I, págs. 449-450).

Diz Bergier: “Deus pode, decerto, depois que a alma se separa do corpo, fazê-la aparecer de novo; restituir-lhe o mesmo corpo, que anteriormente era o seu, ou atribuir-lhe outro, e repor a pessoa em estado de exercer as mesmas funções que exercia antes da morte. Este meio de instruir os homens [...] é um dos mais admiráveis que Deus possa empregar” (Bergier, Diccion. de theologia, palavra Apparições).

A seguir, o Abade Guillois dá os seguintes exemplos: Moisés e Elias, no monte Tabor; Jeremias aparecendo a Judas Macabeu, acompanhado do santo pontífice Onias, e lhe dando uma espada de ouro; Samuel aparecendo diante de Saul, rei de Israel; e também alguns outros exemplos colhidos da obra de santos e Padres da Igreja.

Os exemplos do Velho Testamento, como Samuel, Jeremias, Onias e Moisés (com exceção de Elias, que se encontra provavelmente transladado para o paraíso terrestre), podem ser justificados pelo fato de que tais almas, até aquele instante, estavam no limbo.

A alma humana não tem nenhum poder sobre a matéria, porque a relação da alma com o corpo é de outra ordem; a alma é a forma do corpo. Se a alma se relacionasse com o corpo da mesma forma que o demônio, seria impossível a possessão (S. Th., I, q.52, a.3).

Não é verdade que a experiência esteja acima da razão. Isso seria empirismo, e leva aos erros do agnosticismo moderno.

As almas dos falecidos não estão na nossa atmosfera tenebrosa; estão no céu ou nos infernos. Os demônios povoam o ar tenebroso. Os santos que defenderam isso têm como base as Escrituras:

"Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares". (Ef 6,12)

Assim entenderam Santo Agostinho e Santo Tomás, conforme citação da Suma.

A parábola do rico e de Lázaro, por sua vez, ilustra a prisão que é o inferno, para as almas condenadas.

O ar tenebroso também é um lugar de pena para os demônios, como é o Inferno.

"O Senhor disse-lhe: De onde vens tu? Andei dando volta pelo mundo, disse Satanás, e passeando por ele". (Livro de Jó 1,7).

Parece que a alma separada não pode ter outra vida, a não ser a intelectiva, como mostra Manuel Correa de Barros:

"Já vimos que em todas as atividades da alma animal ou vegetativa intervém o corpo; todas elas devem portanto cessar na alma separada. Pelo contrário, a inteligência é independente da matéria, no seu ato supremo de conhecimento; correlativamente, como depois veremos, é também independente da matéria o ato livre da vontade. A atividade intelectual, nos seus aspectos cognitivo e afetivo, pode portanto exercer-se depois de separada a alma do corpo, e é a única que se pode assim exercer. A vida da alma depois da morte é vida da inteligência.

(...)

Lembram três modos possíveis, que, aliás, não se excluem. A alma, separada do corpo, pode ter o conhecimento intuitivo da sua própria natureza, que atualmente só conhece por reflexão sobre a sua atividade. Pode ser-lhe dado conhecer a essência doutras inteligências separadas, Anjos, ou outras almas como ela. Pode, finalmente, receber de Deus as ideias, infusas, como se diz na Escola" .

E, como ele mesmo diz, cada alma se diferencia pela "relação essencial, para com certo e determinado corpo, que foi o seu"; o que nos faz entender que realmente a alma não pode possuir outro corpo.

A alma separada recebe as ideias infusas, mas tem dificuldade com esse modo de conhecimento, que é comum aos anjos. É como se ela estivesse engatinhando no mundo espiritual. Como comparar uma alma separada com um anjo?

O ar tenebroso é o nosso ar, e se chama assim, porque os demônios não ocupam todo o ar, mas parte dele, entendendo, é claro, a forma como um anjo ocupa lugar, que é segundo os moldes que já expliquei acima.

Deve-se levar em conta também que São Tomás acreditava numa cosmologia diferente da nossa. Para ele havia vários céus acima do ar atmosférico (S. Th., I, q.68, a.4). Essa ideia não é totalmente refutável, pois de fato a atmosfera se divide em camadas, e além dela há o espaço sideral.

O Aquinate menciona várias teorias: primeiro a de Crisóstomo, que vê em céus no plural, uma mera expressão idiomática hebraica, e a seguir as de Basílio e Damasceno, que opinam que há vários céus. Mas, segundo ele, essa diferença de opiniões é mais verbal do que real.

Aponta também que a palavra céu, na Escritura, tem várias acepções: corpo sublime, luminoso em ato ou em potência e livre de corrupções por natureza: céu empíreo, céu aquoso ou cristalino e céu sideral, dividido em oito esferas — a esfera das estrelas fixas e as esferas dos planetas. A seguir, de acordo com as várias acepções da palavra "céu", enuncia outras divisões, como a do Damasceno: céu aéreo (sublunar), céu sideral e o "terceiro céu".

E, porque este céu é composto de fogo e ar, menciona-se também a opinião de Rábano, que divide o fogo em duas regiões, ígneo e olimpo, e o ar em duas regiões, etéreo e aéreo. Assim, esses quatro céus, unidos a outros três, totalizam sete céus, segundo Rábano. Por último, fala-se em céu no sentido metafórico de graus de sublimidade e luz espiritual, e, assim, há três gêneros de visões sobrenaturais, a corporal, a imaginária e a intelectual.

O ar tenebroso é um lugar de pena para os demônios, segundo São Tomás, porque eles levam o Inferno dentro de si.

Compartilhado de: http://corecatholica.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário