Dois de janeiro de 1873. Meia noite. Em Alençon, na Rua de São Braz, 36 - nasceu a criancinha esperada ansiosamente no lar abençoado e feliz da família Martin.
Luiz Martin fora dar a boa nova às meninas no quarto grande do segundo andar.
- Minhas filhas! Boa notícia! Mais uma irmãzinha tem vocês agora!
Não era o missionáriozinho tão suspirado. Uma menina encantadora. Desta vez Nosso Senhor parecia ainda não ter ouvido as preces tão ardentes da família.
Cada ano reuniam economias e dava esmolas à Obra da Propagação da Fé. Esmolas para as missões. Esmolas que ajudassem os missionários em países infiéis e alcançassem a Família Martin um filho sacerdote - um filho missionário!
E por que não os ouvira Nosso Senhor? Perguntavam eles, os esposos cristãos, não merecem esta graça?
Admiráveis e insondáveis desígnios da Providência! Mais que um missionário viera ao mundo pouco antes daquela meia-noite, a Padroeira de todos os Missionários, o Maior dos Missionários dos últimos tempos, a Missionária do Amor Misericordioso que pelo sacrifício e a oração haveria de figurar um dia ao lado de São Francisco de Xavier.
Rosa serás!
Pela manhã desse mesmo dia venturoso, uma criança pobre veio bater à porta da casa da família Martin sem mais entregou ali um papel com estes versos:
"Sorri, cresce: à ventura. Te chamam com ternura.
Amor, carinhos mil...
Botão, que abriste agora, serás rosa gentil.
Quem era esta criancinha pobre? Por que traz justamente tão belos e tão proféticos versos? Mistério! O botãozinho no berço ainda, seria a rosa destinada a florir e perfumar a terra poucos anos e ser a rosa dos Altares um dia.
Era o lindo tempo das férias.
As irmãs mais velhas que estudavam no Colégio das Visitandinas de Mans estavam em casa.
Toda a família reunida em torno do berço florido festejava a pequenina rainha recém-nascida. Chamaram-na logo a Rainhazinha. E acrescentavam os títulos majestosos de - França e de Navarra!...
Maria e Paulina, Leonia e Celina, numa ruidosa alegria festejavam a irmãzinha. O Anjo da guarda velava o berço do Anjinho.
Zélia se preocupava agora com o Batismo da filhinha querida. E o queria sem demora.
Infelizmente esta não poderia ser levada tão depressa a pia batismal como as outras filhas. Algumas horas apenas depois de vindos à luz deste mundo, os filhos do casal Martin recebiam o Batismo.
A menina havia de esperar a vinda do padrinho, o Sr. Paulo Alberto Boul, filho de um amigo de Luiz Martin e que residia bem distante.
A viagem era longa. Porém, sábado, 4 de Janeiro, cessaram as aflições e lágrimas da piedosa mãe, que a dois dias velava aflita a filhinha sem batismo. Não podia ver seus filhos nem mesmo um dia sem a graça batismal.
Batismo.
Assim reza a certidão dos Arquivos da Matriz de Alençon:
"No sábado, quatro de Janeiro de mil oitocentos e setenta e três, por nosso Vigário abaixo assinado, foi batizada Maria Francisca Teresa, nascida aos dois de Janeiro, do legítimo matrimônio de Luiz José Aloísio Stanislau Martin, e Zélia Maria Guerin, ambos desta paróquia (Rua de São Braz,36) O padrinho foi Paulo Alberto Boul e a Madrinha Maria Luiza Martin, irmã da criança, e assinaram conosco, e bem assim o pai da criança.
(Ass.) Maria Martin - Paulo Alberto Boul, Louís Martin, Pauline Martin, Leonie Martin, Leontine Boul, Louise Marais.
L. Dumaine - Vigário de N.S."
Era uma tarde fria. Bimbalhavam festivos os sinos.
O Pe. Vitor Luciano Dumaine, amigo pessoal da família, mal poderia prever que batizava uma santa e que a toalha branca poisada sobre a fronte do anjinho era realmente o símbolo da inocência que seria guardada até a morte, até o Tribunal de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Muitos anos mais tarde, como Vigário Geral de Séez, teria ele que depor no processo de beatificação da criança que acabará de batizar.
A menina recebera também o nome de Maria. Era um voto dos pais. Acrescentaram os de Francisca e Teresa. Esse seria o nome glorioso que havia de encher toda a terra.
A criada Luíza, toda contente, volta da Matriz com a Teresinha nos braços e a entrega à Mãe, que beija feliz e entre doces lágrimas o seu querubim. Agora pode dormir tranquila. A sua Teresinha era cristã.
A velha e encantadora joia de arquitetura, que é a Matriz de Alençon, já célebre pelos seus vitrais e cúpula e maravilhas de arte dos séculos XV e XVI, ia se tornar ainda mais célebre. Hoje, naquela pia batismal, uma placa comemorativa traz insculpida a grande efeméride: 4 de Janeiro de 1873.
Alí também um altar com a imagem da santinha e um rico vitral lembram o Batismo do Anjo de Lisieux! É um Santuário onde sempre cada dia ardem velas, e multidões devotas vão implorar graças e benção da Santa querida no mesmo lugar em que nascerá ela para a graça e a glória.
Santa Teresinha do Menino Jesus, Monsenhor Ascânio Brandão. Capítulo II, Páginas 17 a 20.
Nota do Blog. Conforme demonstra o texto Maria Francisca Teresa, nossa Santa Teresa do Menino Jesus, veio ao mundo aos 2 de Janeiro do ano de 1873, entretanto nós católicos sabemos que nos "é necessário nascer de novo" Cf São João III,7, pois que declara Nosso Senhor :"Em verdade, em verdade vos digo, que não pode entrar no Reino de Deus aquele que não renascer da água e do Espírito Santo." (S. João, III v. 4-8). Pelo Batismo à criança tem perdoado o pecado original e torna-se filha adotiva de Deus, membro da Igreja Católica, herdeira do céu, passando a viver na graça de Deus.
Tanto quanto pudermos devemos nos empenhar em fazer conhecida por todos esta verdade declarada pela boca daquele que É A Verdade. O Batismo é necessário para a nossa Salvação, sem este Sacramento ninguém pode Entrar no Reino de Deus.
Nos empenhemos em procurar abrir as portas dos céus às crianças, que por negligência e ignorância culposa de seus pais, não são batizadas. A quem puder fale e mostre, às claras palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo a respeito da necessidade do Sacramento do Batismo. "...Não pode entrar no Reino de Deus aquele que não renascer da água e do Espírito Santo." (S. João, III v. 8)
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