O rico simbolismo presente no vinho na Liturgia |
« Não tem vinho » (São João II, 3)
Antes da Encarnação de Cristo, três vinhos faltavam aos homens: o vinho da justiça, o da sabedoria e o da caridade ou graça.
1. — O vinho mordica o paladar e, por causa disso, diz-se que a justiça é um vinho. O Samaritano lançou azeite e vinho nas feridas do homem que jazia no caminho (São Lucas X, 34), isto é, a severidade da justiça com a doçura da misericórdia. « deste-nos a beber o vinho da compunção »
(Sl LIX, 5).
O vinho também alegra o coração, conforme diz o salmista, « o vinho alegra o coração do homem » (Sl 103, 15). Por causa disso, diz-se que a sabedoria é um vinho, pois a meditação da sabedoria alegra imensamente. « sua conversação não tem nada de desagradável » (Sb VIII, 16).
O vinho também inebria. « bebei, amigos, e embriagai-vos, caríssimos » (Ct V, 1). Por isso diz-se que a caridade é um vinho. « Bebi o meu vinho com o meu leite » (Ct V, 1). E também se diz que a caridade é um vinho por causa do seu fervor. « o vinho que gera virgens » (Zc IX, 17)
2. — O vinho da justiça certamente faltava na velha lei, na qual a justiça era imperfeita. Mas Cristo tornou-a perfeita. « Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no reino dos céus » (São Mateus V, 20).
Também faltava o vinho da sabedoria, que estava oculta e em figura. « todas estas coisas lhes aconteciam em figura » (I Cor X, 11). Mas Cristo a manifestou. « porque os ensinava, como quem tinha autoridade » (São Mateus VII, 29).
Mas também faltava o vinho da caridade, pois apenas receberam o espírito da servidão no temor. Mas Cristo transformou a água do temor no vinho da caridade quando deu o « espírito de adoção de filhos, mercê do qual clamamos, dizendo: Abba pai » (Rm VIII, 15) e quando « a caridade de Deus foi derramada em nossos corações » (Rm V, 5)
In Joan., II
(P. D. Mézard, O. P., Meditationes ex Operibus S. Thomae.)
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