"O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”
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08 setembro 2015
TEÍSMO DOS ATEUS? - COMENTÁRIOS ELEISON - 221
TEÍSMO DOS ATEUS?
ELEISON COMMENTS CCXXI (08 de outubro de 2011)
Existe uma fascinante citação de um famoso compositor alemão, Johannes Brahms (1833-1899), que mostra como um homem pode não ter nenhuma fé religiosa, e ainda reconhecer que existe uma ordem objetiva. Esse reconhecimento é uma alavanca na realidade, e deu a Brahms acesso a muita beleza, anunciada na sua música. A crise de inúmeras almas modernas é que elas estão convencidas de que nada é objetivo. Elas estão presas dentro da sua própria subjetividade, que as leva a um cárcere vazio e a uma música suicida!
Em 1878 Brahms escreveu para um famoso violonista, o seu amigo Joseph Joachim (1831-1907), uma das suas mais encantadoras e amadas obras, o Concerto em D para violino. Quando ele escutou Joachim tocá-la, ele disse, “Hmm – sim…se podia tocá-la assim”. Em outras palavras, enquanto Brahms compunha o Concerto, ele a escutava no ouvido da sua mente tocada de tal e tal jeito, mas ele reconheceu que a maneira em algo diferente que alguém aplicou à sua composição também era legítima.
É claro que, sem dúvida, existem modos de executar o Concerto que Brahms não teria aceito, mas havendo um intérprete usado da sua composição para aproximar-se de modo distinto do mesmo objetivo de que o próprio Brahms se aproximara quando compunha, este não sentiu necessidade de insistir na sua própria maneira de executá-la. A meta objetiva importou mais que a interpretação subjetiva, e então se compondo ele houvesse permitido acesso de todos os tipos de intérpretes a esse objetivo, haveriam sido eles todos – dentro de certos limites – bem-vindos para tocar o Concerto ao seu gosto. Objeto acima do sujeito.
Em última instância significa: Deus acima do homem; contudo, Brahms não era crente. O compositor católico tcheco Antonin Dvorak (1841-1904), amigo e admirador de Brahms, disse uma vez a seu respeito, “Que grande homem! Tão grande alma! E ele não acredita em nada! Não acredita em nada!”. Brahms não era cristão – ele deliberadamente esvaziou o seu Requiem Alemão de toda a menção de Jesus Cristo. Tampouco admitia ser qualquer tipo de crente – ele disse que os textos da bíblia que usou no Requiem foram lá postos para expressão dos seus sentimentos e não para profissão de religião. Sujeito acima do objeto. E a essa descrença professa da parte de Brahms corresponde, pode-se sustentar, a falta de certa espontaneidade e alegria na sua música.
Mas quanta beleza outonal ela contém, e que ordem cuidadosamente elaborada! Essa arte e reflexo das belezas da Natureza, como no Concerto para Violino, traz à mente Nosso Senhor dizendo como há almas que O negam com palavras mas O honram com atos (Mt. XXI, 28-29). Hoje, quando quase todas as almas O negam com a palavra, há ainda muitas que de alguma forma ou outra honram, por exemplo pela música ou na Natureza, ao menos a ordem que Nosso Senhor instalou em todo o Seu universo. Tal crença não é de forma alguma ainda a fé católica, sem a qual não se pode salvar, mas é ao menos a mecha que fumega e que se não deve apagar (Mt. XII, 20).
Que todos os católicos agraciados com a plenitude da fé tenham discernimento em favor das almas à sua volta e que eles tenham compaixão das multidões que são afastadas de Deus por Seus inimigos, na música e em todos os domínios (Mc. VIII, 2).
Kyrie Eleison.
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