Introdução
Os Mártires da Revolução Francesa
Gustavo Barroso
A Igreja Católica sempre teve, na sua longa história de dois mil anos, os seus mártires. Crianças e adolescentes, jovens, homens e mulheres que preferiram dar a sua vida a trair Cristo e a própria Igreja. Já Cristo antecipara durante a sua vida, que se o perseguiram a Ele, também perseguiriam os seus seguidores levando-os aos tribunais e à morte.
Foi assim nos primeiros séculos, do protomártir Diácono Estêvão, a Santo Eusébio, o último dos papas antes da pseudo-conversão do Imperador Constantino Magno, em 313. Seria assim, também, em outros tempos, sob o domínio otomano e nos momentos da evangelização do Novo Mundo.
O que não se podia esperar é que, também durante os anos da Revolução Francesa, que se fundamentou na trigonometria "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" , que se proclamou a Declaração dos Direitos do Homem (1789), a Igreja viesse a ser perseguida e odiada, tendo muitos dos seus filhos e filhas exilados processados e mortos na guilhotina.
Pouco depois da tomada da Bastilha, em Paris, logo se iniciou a perseguição aos príncipes e monarcas, à aristocracia e ao clero. Eram instituições muito ligadas entre si e contra elas se abateria o Regime do Terror , como são conhecidos os anos de 1789 a 1793.
De 10 de Junho a 27 de Junho de 1793 foram guilhotinados 2.425 franceses, entre eles 30 eclesiásticos. Por toda a França foram mortos pela fome 542 padres, na cidade de Rochefort foram, também, guilhotinadas 16 irmãs Carmelitas em Compiègne, 11 Ursolinas em Valenciennes e 28 Sacramentinas em Orange. E houve outras religiosas que deram a sua vida por amor a Cristo e por fidelidade à Igreja.
O "Terror" , que teve à sua frente Danton, Marat e Robespièrre, não se deteve com o passar dos tempos. Muitos templos foram invadidos, saqueados, queimados e destruídos, perdendo-se preciosas relíquias de Santos e importantes obras de escultura e pintura.
Quando os valentes católicos da Bretanha e da Vandéia se revoltaram perante tanta crueldade, insurgindo-se em defesa da Igreja e do Rei, a revolta foi sufocada com um banho de sangue. Nem se sabe quantos foram martirizados nessas regiões que continuaram, apesar de tudo, fieis a Cristo e à Igreja.
Aconteceu o que não raramente já havia acontecido antes: também os perseguidores acabaram por ter uma morte trágica. Marat foi trucidado por Carlota Corday. Danton e Robespeèrre subiram, também eles, ao cadafalso da guilhotina.
Artigo retirado da edição nº 32, ano II, 1ª quinzena de Fevereiro de 1998, do jornal O Verbo.
VANDÉIA O CORAÇÃO QUE SANGRA - OS MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA
O relato de um dos maiores massacres de católicos que até hoje é silenciado pela mídia e pelas escolas.
No início de 1794 – no auge do Reino do Terror – soldados franceses marcharam pela Vendéia atlântica, onde camponeses tinham se levantado contra o governo revolucionário em Paris.
Dozes “colunas infernais” comandadas pelo general Louis-Marie Turreau receberam ordens para matar qualquer um e qualquer coisa que vissem. Milhares de pessoas – incluindo mulheres e crianças – foram massacradas à sangue-frio, e fazendas e aldeias incendiadas.
Na cidade de Nantes, o comandante revolucionário Jean-Baptiste Carrier livrou-se de prisioneiros de guerra vendeianos numa, horrivelmente eficiente, forma de execução em massa. Nas chamadas “noyades” – afogamentos em massa – homens, mulheres e crianças, nus, foram amarrados juntos em botes especialmente construídos, que foram rebocados para o meio do rio Loire e, então, afundados.
A Vendéia de hoje, um departamento costeiro na França ocidental, está pedindo para o incidente ser relembrado como o primeiro genocídio na história moderna.
Residentes afirmam que o massacre foi diminuído para que não enodoasse a história da Revolução Francesa.
Os historiadores acreditam que, por volta de 170 mil vendeianos foram mortos na guerra camponesa e nos massacres subseqüentes – e por volta de 5 mil nas “noyades”.
Quanto tudo acabou, o general francês François Joseph Westermann, enviou uma carta para o Comitê de Salvação Pública declarando:
”Não há mais Vendéia… De acordo com vossas ordens, esmaguei as crianças debaixo das patas dos cavalos, massacrei as mulheres que nunca mais darão à luz bandidos. Eu não tenho um só prisioneiro que possa me recriminar. Eu exterminei todos.”
Dois séculos depois, crescentes apelos de políticos locais para declarar isto como “genocídio”, acenderam um debate intelectual.
“Havia na Revolução, uma programa, claramente exposto, para aniquilar a raça vendeiana,” disse Philippe de Villiers, deputado europeu e ex-candidato presidencial pelo partido de direita tradicionalista Movimento Pela França (MPF).
“Por quê isto ocorreu? Porque um povo foi selecionado para ser liquidado, por conta de sua fé religiosa. Hoje, nós exigimos uma lei, oficialmente, declarando isto como um genocídio; nós exigimos um pronunciamento do presidente e o reconhecimento pelas Nações Unidas.”
Mr. De Villiers – que se opôs a entrada dos turcos na UE – esteve na Armênia, mês passado, onde comparou a Vendéia de 1794 aos massacres de armênios em 1915. Em nenhum dos casos, disse ele, “os perpetradores admitiram suas culpas ou pediram pelo perdão das vítimas.”
Os sangrentos eventos da Vendéia estavam, de há muito, ausentes dos livros de história franceses, devido à luz maligna lançada por eles sobre os revolucionários. No entanto, eles eram bem-conhecidos no bloco soviético. O próprio Lênin tinha estudado a guerra lá ocorrida e tirou inspiração dela, para suas políticas para com o campesinato.
De acordo com o historiador Alain Gerard, do Centro Vendeiano para Pesquisa Histórica: “em outras partes da França, os revolucionários assassinaram nobres ou burgueses ricos. Mas, na Vendéia, eles assassinaram o povo.”
“Era a Revolução, voltando-se contra o mesmo povo de quem ela reclamava a legitimidade. Isso demonstrou a falsidade da Revolução para com seus próprios princípios. E é por causa disto, que o episódio foi riscado da memória histórica,” disse ele.
Enquanto ninguém nega que os massacres tiveram lugar, alguns historiadores argumentam que eles não podem ser chamados de “genocídio” já que ocorreram excessos, de ambos os lados, naquilo que foi uma guerra civil, e eles não se adequam ao critério da ONU de matanças baseadas em identidade étnica ou religiosa. “Os vendeianos não foram mais isentos de culpa do que os republicanos. O uso da palavra “genocídio” é, totalmente, incorreto e inapropriado”, disse Timothy Tackett da Universidade da Califórnia.
Para Mr. Gerard, os massacres foram, claramente, “uma política deliberada da parte das autoridades”.
Para Mr. De Villiers, um aristocrata cuja família mora na Vendéia, o genocídio se aplica, sem dúvida, já que seus ancestrais foram assassinados por razões religiosas: eles haviam se rebelado para proteger seus sacerdotes, que se recusaram a prestar juramento à nova constituição.
“É o caso raro de um povo se levantando por razões religiosas. Eles não se rebelaram porque estavam famintos, mas porque seus padres estavam sendo assassinados,” ele disse.
“É minha carga – e minha grande honra – defender a Vendéia até o fim dos meus dias. A Vendéia não é, somente, uma província da França, ela é uma província do espírito. Se hoje nós gozamos da liberdade para cultuar aquilo que escolhermos, é, em grande parte, devido ao sacrifício daqueles que morreram aqui.”
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/france/3964724/Vende-French-call-for-revolution-massacre-to-be-termed-genocide.html (no original em inglês).
Os Mártires da Revolução Francesa
Gustavo Barroso
A Igreja Católica sempre teve, na sua longa história de dois mil anos, os seus mártires. Crianças e adolescentes, jovens, homens e mulheres que preferiram dar a sua vida a trair Cristo e a própria Igreja. Já Cristo antecipara durante a sua vida, que se o perseguiram a Ele, também perseguiriam os seus seguidores levando-os aos tribunais e à morte.
Foi assim nos primeiros séculos, do protomártir Diácono Estêvão, a Santo Eusébio, o último dos papas antes da pseudo-conversão do Imperador Constantino Magno, em 313. Seria assim, também, em outros tempos, sob o domínio otomano e nos momentos da evangelização do Novo Mundo.
O que não se podia esperar é que, também durante os anos da Revolução Francesa, que se fundamentou na trigonometria "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" , que se proclamou a Declaração dos Direitos do Homem (1789), a Igreja viesse a ser perseguida e odiada, tendo muitos dos seus filhos e filhas exilados processados e mortos na guilhotina.
Pouco depois da tomada da Bastilha, em Paris, logo se iniciou a perseguição aos príncipes e monarcas, à aristocracia e ao clero. Eram instituições muito ligadas entre si e contra elas se abateria o Regime do Terror , como são conhecidos os anos de 1789 a 1793.
De 10 de Junho a 27 de Junho de 1793 foram guilhotinados 2.425 franceses, entre eles 30 eclesiásticos. Por toda a França foram mortos pela fome 542 padres, na cidade de Rochefort foram, também, guilhotinadas 16 irmãs Carmelitas em Compiègne, 11 Ursolinas em Valenciennes e 28 Sacramentinas em Orange. E houve outras religiosas que deram a sua vida por amor a Cristo e por fidelidade à Igreja.
O "Terror" , que teve à sua frente Danton, Marat e Robespièrre, não se deteve com o passar dos tempos. Muitos templos foram invadidos, saqueados, queimados e destruídos, perdendo-se preciosas relíquias de Santos e importantes obras de escultura e pintura.
Quando os valentes católicos da Bretanha e da Vandéia se revoltaram perante tanta crueldade, insurgindo-se em defesa da Igreja e do Rei, a revolta foi sufocada com um banho de sangue. Nem se sabe quantos foram martirizados nessas regiões que continuaram, apesar de tudo, fieis a Cristo e à Igreja.
Aconteceu o que não raramente já havia acontecido antes: também os perseguidores acabaram por ter uma morte trágica. Marat foi trucidado por Carlota Corday. Danton e Robespeèrre subiram, também eles, ao cadafalso da guilhotina.
Artigo retirado da edição nº 32, ano II, 1ª quinzena de Fevereiro de 1998, do jornal O Verbo.
VANDÉIA O CORAÇÃO QUE SANGRA - OS MÁRTIRES DA REVOLUÇÃO FRANCESA
O relato de um dos maiores massacres de católicos que até hoje é silenciado pela mídia e pelas escolas.
No início de 1794 – no auge do Reino do Terror – soldados franceses marcharam pela Vendéia atlântica, onde camponeses tinham se levantado contra o governo revolucionário em Paris.
Dozes “colunas infernais” comandadas pelo general Louis-Marie Turreau receberam ordens para matar qualquer um e qualquer coisa que vissem. Milhares de pessoas – incluindo mulheres e crianças – foram massacradas à sangue-frio, e fazendas e aldeias incendiadas.
Na cidade de Nantes, o comandante revolucionário Jean-Baptiste Carrier livrou-se de prisioneiros de guerra vendeianos numa, horrivelmente eficiente, forma de execução em massa. Nas chamadas “noyades” – afogamentos em massa – homens, mulheres e crianças, nus, foram amarrados juntos em botes especialmente construídos, que foram rebocados para o meio do rio Loire e, então, afundados.
A Vendéia de hoje, um departamento costeiro na França ocidental, está pedindo para o incidente ser relembrado como o primeiro genocídio na história moderna.
Residentes afirmam que o massacre foi diminuído para que não enodoasse a história da Revolução Francesa.
Os historiadores acreditam que, por volta de 170 mil vendeianos foram mortos na guerra camponesa e nos massacres subseqüentes – e por volta de 5 mil nas “noyades”.
“noyades” |
”Não há mais Vendéia… De acordo com vossas ordens, esmaguei as crianças debaixo das patas dos cavalos, massacrei as mulheres que nunca mais darão à luz bandidos. Eu não tenho um só prisioneiro que possa me recriminar. Eu exterminei todos.”
Dois séculos depois, crescentes apelos de políticos locais para declarar isto como “genocídio”, acenderam um debate intelectual.
“Havia na Revolução, uma programa, claramente exposto, para aniquilar a raça vendeiana,” disse Philippe de Villiers, deputado europeu e ex-candidato presidencial pelo partido de direita tradicionalista Movimento Pela França (MPF).
“Por quê isto ocorreu? Porque um povo foi selecionado para ser liquidado, por conta de sua fé religiosa. Hoje, nós exigimos uma lei, oficialmente, declarando isto como um genocídio; nós exigimos um pronunciamento do presidente e o reconhecimento pelas Nações Unidas.”
Mr. De Villiers – que se opôs a entrada dos turcos na UE – esteve na Armênia, mês passado, onde comparou a Vendéia de 1794 aos massacres de armênios em 1915. Em nenhum dos casos, disse ele, “os perpetradores admitiram suas culpas ou pediram pelo perdão das vítimas.”
Os sangrentos eventos da Vendéia estavam, de há muito, ausentes dos livros de história franceses, devido à luz maligna lançada por eles sobre os revolucionários. No entanto, eles eram bem-conhecidos no bloco soviético. O próprio Lênin tinha estudado a guerra lá ocorrida e tirou inspiração dela, para suas políticas para com o campesinato.
De acordo com o historiador Alain Gerard, do Centro Vendeiano para Pesquisa Histórica: “em outras partes da França, os revolucionários assassinaram nobres ou burgueses ricos. Mas, na Vendéia, eles assassinaram o povo.”
“Era a Revolução, voltando-se contra o mesmo povo de quem ela reclamava a legitimidade. Isso demonstrou a falsidade da Revolução para com seus próprios princípios. E é por causa disto, que o episódio foi riscado da memória histórica,” disse ele.
Enquanto ninguém nega que os massacres tiveram lugar, alguns historiadores argumentam que eles não podem ser chamados de “genocídio” já que ocorreram excessos, de ambos os lados, naquilo que foi uma guerra civil, e eles não se adequam ao critério da ONU de matanças baseadas em identidade étnica ou religiosa. “Os vendeianos não foram mais isentos de culpa do que os republicanos. O uso da palavra “genocídio” é, totalmente, incorreto e inapropriado”, disse Timothy Tackett da Universidade da Califórnia.
Para Mr. Gerard, os massacres foram, claramente, “uma política deliberada da parte das autoridades”.
Para Mr. De Villiers, um aristocrata cuja família mora na Vendéia, o genocídio se aplica, sem dúvida, já que seus ancestrais foram assassinados por razões religiosas: eles haviam se rebelado para proteger seus sacerdotes, que se recusaram a prestar juramento à nova constituição.
“É o caso raro de um povo se levantando por razões religiosas. Eles não se rebelaram porque estavam famintos, mas porque seus padres estavam sendo assassinados,” ele disse.
“É minha carga – e minha grande honra – defender a Vendéia até o fim dos meus dias. A Vendéia não é, somente, uma província da França, ela é uma província do espírito. Se hoje nós gozamos da liberdade para cultuar aquilo que escolhermos, é, em grande parte, devido ao sacrifício daqueles que morreram aqui.”
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/france/3964724/Vende-French-call-for-revolution-massacre-to-be-termed-genocide.html (no original em inglês).
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