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04 julho 2015
A TIRANIA DO RELATIVISMO
O relativismo ético impõe a renúncia às convicções próprias. Aquela que parece ser a ideologia da tolerância máxima não admite dissenção, e a ideologia da exaltação dos valores universais, que a síntese da máxima cooperação e integração entre as formas respeitosas de religião alcança, dá margem às maiores aberrações. Resenharemos apenas alguns exemplos dos últimos anos, entre os diversos que temos documentado.
A tirania do pensamento único, em nome da liberdade e dos direitos humanos, tem trabalhado para abolir a objeção de consciência na classe médica em relação ao aborto, à esterilização, à inseminação artificial, à eutanásia; pretende obrigar legalmente os seguros de saúde de associações católicas a fornecerem contraceptivos e abortivos e os hospitais católicos a fazerem abortos cirúrgicos e esterilizações. Como o governante ilustrado que concedia uma graça a seus súditos, são cridos registros de objetores de consciência, ainda que agrupar os profissionais de saúde dessa forma seja claramente discriminatório: “daí a colocar uma estrela amarela (ou “chip”, para poupar suscetibilidades) em seu avental não está muito longe”, diz Juan Manuel Valdes Molin, da Associação para a Defesa do Direito à Objeção de Consciência (ANDOC).
Os legisladores colonizados pela mentalidade relativista conseguiram fazer desaparecer e muitas leis o pátrio poder, os direitos e deveres dos pais de educar seus filhos segundo suas próprias convicções éticas e religiosas: o médico precisa de uma permissão dos pais para colocar um piercing ou fazer um buraco na orelha de uma adolescente, mas não para lhe entregar um contraceptivo ou um hormônio abortivo ou para a colocação de um DIU, ou mesmo para submetê-la a um aborto cirúrgico.
A nova ordem exige que a fé religiosa não tenha a menor visibilidade: uma comissária de bordo ou uma enfermeira que use uma cruz no pescoço ou que diga a um doente que rezará por ele perde o trabalho; assim, a nova ordem pretende remover as cruzes dos espaços públicos, incluindo os cemitérios dos veteranos de guerra; um padre é punido por tocar os sinos de sua igreja; organizam-se ataques contra a presença de crucifixos nas salas de aula e nos tribunais; proíbe-se, na época do Natal, a representação do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo nas praças, lojas e até mesmo no jardim de lares cristãos.
A nova ideologia coloca o poder de coerção do estado a serviço da observância de leis civis iníquas visando à aceitação social da homossexualidade: removem juízes e tabeliões que se recusam a testemunhar a pantomima de um casamento entre homossexuais; médicos e psicólogos são submetidos a um verdadeiro linchamento social quando se atrevem a afirmar que a homossexualidade é uma doença ou um distúrbio de comportamento; um arcebispo que prega sobre o texto da Carta aos Romanos 1, 20-27 (“do mesmo modo, também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam nos seus desejos mutuamente”) é processado por discriminação e homofobia; outro prelado é levado ao tribunal por ter impedido que um notório homossexual fosse acólito na santa missa; a remoção de um diretor de uma escola católica que se “casa” com o seu parceiro do mesmo sexo é impedida por leis anti-discriminação; bombeiros que se recusam a participar de uma marcha do orgulho gay são punidos, assim como uma associação católica que nega suas instalações para a celebração de um “casamento” entre lésbicas; médicos que se recusam a fazer fertilização artificial (in vitro) em lésbicas por as considerarem incapazes de criar uma criança são levados a julgamento; agências de adoção católicas são fechadas porque não aceitam a obrigação legal de entregar crianças aos homossexuais, etc.
Em 2005 o Cardeal Ratzinger, sobre este ponto, afirmava:
“O conceito de discriminação é cada vez mais alargado, e assim a proibição da discriminação pode se transforar gradualmente em uma limitação da liberdade de opinião e da liberdade religiosa. Logo não se poderá dizer que a homossexualidade é uma desordem objetiva na estruturação da existência humana, como ensina a Igreja Católica. […] A confusa ideologia de liberdade conduz ao dogmatismo, que se tem revelado cada vez mais hostil à liberdade”.
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